São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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França planeja novo teste em outubro

VINICIUS TORRES FREIRE
DE PARIS

A próxima explosão nuclear francesa deve ocorrer dentro de um mês, intervalo que deve ser observado também entre as demais experiências, conforme a Folha apurou junto ao governo francês.
Nos dois últimos dias, tanto o presidente Jacques Chirac como o ministro da Defesa, Charles Millon, disseram em entrevistas na TV que os testes nucleares podem acabar antes de maio de 1996.
No dia 13 de junho, em seu primeiro discurso como presidente, Chirac disse que os testes seriam sete, entre primeiro de setembro de 95 e maio de 96.
Desde então, quando começou a campanha internacional contra os testes, governo levantou a possibilidade de que as experiências sejam limitadas a seis, entre outras iniciativas tomadas aparentemente para apaziguar a opinião pública.
Na sua edição de ontem, o jornal "Libération" dizia ter apurado que é tecnicamente possível que todas as experiências sejam realizadas até dezembro deste ano.
Protestos
Manifestantes e a polícia voltaram a se enfrentar na manhã de ontem em Papeete, no Taiti (Polinésia Francesa, oceano Pacífico). Cerca de cem pessoas levantaram barricadas na cidade. Manifestantes continuam a enfrentar os policiais e a saquear a cidade.
Na quarta, um protesto contra os testes franceses se transformou em uma batalha entre os manifestantes e militantes do partido separatista do território francês.
O aeroporto foi parcialmente demolido com um trator e queimado. Lojas e alguns prédios públicos do centro da cidade foram saqueadas e incendiados.
Ontem a França enviou 40 soldados da Legião Estrangeira para Papeete. Outros 300 policiais militares vão se juntar a 300 colegas, aos legionários e a 170 outros soldados que já estão na cidade.
Cerca de 20 pessoas ficaram feridas desde quarta-feira, outras 50 foram presas.
O líder do movimento separatista, Oscar Temaru (que estava nos protestos do Greenpeace em Mururoa), disse que os conflitos em Papeete são a "resposta, de um povo inteiro, à atitude de Chirac, que quer ser um outro Napoleão, um outro De Gaulle". O partido de Temaru teve 15% dos votos nas últimas eleições municipais.

*Com agências internacionais

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