São Paulo, sexta-feira, 8 de setembro de 1995
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Assédio sexual derruba senador americano

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

O senador Bob Packwood, presidente da poderosa Comissão de Finanças do Senado, renunciou ontem ao seu mandato, dois anos e meio depois de ter sido pela primeira vez acusado de assédio sexual contra funcionárias da casa.
A renúncia de Packwood foi anunciada 12 horas depois de a Comissão de Ética do Senado ter recomendado por unanimidade a expulsão dele.
Packwood, que faz 63 anos no dia 11, disse ao plenário que a renúncia era "seu dever e a coisa honrada a ser feita".
Para expulsá-lo, teriam sido necessários os votos de dois terços dos cem senadores. O resultado da votação era considerado incerto.
A última vez que o Senado dos EUA expulsou um de seus membros foi em 1861, quando 14 senadores do sul do país foram assim punidos por terem apoiado a rebelião de seus Estados contra a União.
Em 1982, o senador Harrison Williams também renunciou antes que o plenário decidisse sua expulsão. William era acusado de corrupção.
Packwood representava o Estado de Oregon (noroeste) no Senado desde 1969. É do Partido Republicano, de oposição o governo.
Dias depois de sua mais recente reeleição, em novembro de 1992, o jornal "The Washington Post" publicou acusações de dez funcionárias do Senado que diziam ter sido vítimas de assédios sexuais.
O senador negou as acusações, mas reconheceu que era alcoólatra e admitiu que, quando bêbado, poderia ter agido de maneira inconveniente.
Ele se internou numa clínica para recuperação de viciados e prosseguiu suas atividades após dois meses de tratamento.
Pressionado por organizações feministas, o Senado encaminhou o caso à Comissão de Ética. Durante as investigações, a comissão descobriu que Packwood havia destruído páginas de seu diário, requisitado como evidência.
Outras sete mulheres apresentaram denúncias de assédio sexual contra Packwood durante as investigações da comissão.
Em seus cinco mandatos, Packwood sempre votou a favor dos direitos da mulher, inclusive o aborto, combatido pelos republicanos.
Ele também foi um dos dois senadores republicanos que votaram contra o juiz Clarence Thomas na confirmação de seu nome para a Suprema Corte. Thomas era acusado de assédio sexual contra sua funcionária Anita Hill.
Na semana passada, o deputado Mel Reynolds, 43, renunciou ao seu mandato depois de ser condenado por ter feito sexo com uma voluntária de sua campanha, quando ela tinha 16 anos de idade.

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