São Paulo, sábado, 9 de setembro de 1995
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Governo federal deverá insistir na venda

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo federal deverá insistir para que o Banespa seja privatizado, mesmo que a venda do banco só ocorra a longo prazo.
O destino do banco depende da análise técnica do Banco Central, mas obedece à seguinte orientação política fixada pelo Palácio do Planalto: a solução será rápida, não deverá ultrapassar a próxima semana, nem deixará mal o governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB).
Covas esperava uma resposta do BC até ontem, mas insiste em manter controle sobre o banco.

Malan
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o aval da União pedido pelo governador paulista Mário Covas (PSDB) para empréstimos externos que quitariam a dívida do Estado com o Banespa "não é um ponto importante nas negociações entre o governo e o Estado".
A dívida mobiliária (em títulos) do Estado de São Paulo rolada pelo Banespa é de R$ 13 bilhões. Covas se propõe a pagar R$ 6 bilhões com imóveis e bens do Estado e o restante seria quitado com recursos obtidos por meio de empréstimos no exterior, mas com aval do Tesouro Nacional.
Covas fez esta proposta para tentar acabar com a intervenção no Banespa.
Mas o BC considera que os imóveis, que incluem hidrelétricas inacabadas e os terrenos dos aeroportos de Viracopos e Congonhas, não são garantias suficientes para pagar parte da dívida.
A diretoria do BC avalia que é responsabilidade do Estado apresentar uma forma de transformar em dinheiro os imóveis oferecidos por Covas.
Mesmo assim, a proposta do governador é considerada positiva somente para resolver o problema da dívida e não o do Banespa, que depende de outras questões.
O governo federal, porém, gostaria de uma solução semelhante à aplicada pelo governo do Rio no seu banco estadual, o Banerj.
Neste caso, o governador Marcello Alencar, também tucano, aceitou abrir uma licitação para a escolha de uma empresa que vai assumir o papel de saneadora das contas do banco.
Depois de uma ano, em princípio, a empresa entregaria o banco pronto para ser vendido -e não poderia participar do leilão.

Processo
O Banespa está sob intervenção desde 31 de dezembro de 1994. Depois de oito meses de investigação de uma comissão de inquérito, ficou definido que a culpa pelo rombo no caixa passa por duas operações feitas no governo de Orestes Quércia (PMDB, 1987-1991) que, segundo o ex-governador, tiveram aval do Banco Central.
O relatório final do Banco Central sobre o caso não pode seguir como peça do processo que corre no Ministério Público Estadual.
Quércia conseguiu, na última semana, uma liminar proibindo o envio de autos da Justiça para o Ministério Público.
Há duas semanas, o ex-governador havia conseguido outra liminar impedindo que o balanço negativo do banco, incluídas dívidas de estatais, fosse publicado.
Os recursos do BC ainda não foram apresentados.

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