São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
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Prefeito se define um comuno-liberal

Cidade pode virar 'paraíso fiscal'

DO ENVIADO ESPECIAL

Prefeito se define um comuno-liberal
Fazendeiro e economista, o prefeito Carlos Eduardo Vieira Ribeiro, 44, pode ser chamado de ultraliberal por uns e de socialista por outros.
O seu modelo de governo, definido como "democracia caipira", tem idéias que emocionariam os liberais (a privatização total) e comunistas ao mesmo tempo (o modelo cubano de saúde).
"Sou comuno-liberal", ironizou. Na manhã de quarta-feira, na Prefeitura de Campina do Monte, ele falou à Folha.

Folha - De onde veio essa idéia de funconalismo?
Carlos Eduardo Vieira Ribeiro - Antes de assumir, eu já via que os Estados e as Prefeituras viviam afogadas em despesas com servidores.
Folha - Com o bloqueio dos recursos federais, o que a Prefeitura pode fazer?
Ribeiro - Por enquanto, ainda estou atordoado. Caso não tenha jeito, acho que podemos encontrar uma saída fazendo de Campina um paraíso fiscal.
Como?
Ribeiro - Vamos, por exemplo, reduzir em 40% as taxas de IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) para quem emplacar o seu carro aqui.
Isso vai causar uma corrida de proprietários de automóveis para a cidade e aumentar a nossa arrecadação.
Outra medida mais imediata que podemos adotar é a decretação de estado de calamidade pública.
Folha - O que o sr. acha da possibilidade de uma reforma tributária reduzir recursos para os municípios?
RIbeiro - Nenhuma reforma vai adiantar se as estruturas, as administrações, não adotarem novos modelos. Enquanto tiver Estado gastando 100% do que recebe com funcionalismo não tem reforma que dê jeito.
Folha - Que conselho o sr. daria para os seus colegas prefeitos?
Ribeiro - Não sou pretensioso a ponto de pedir para que imitem ponto a ponto o modelo da "democracia caipira".
Digo sempre, nas minhas palestras, que eles devem ousar, inventar coisas, pegar exemplo da direita e da esquerda, sair dessa coisinha convencional que impera hoje em dia nas administrações públicas.

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