São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Pai do acervo soube por acaso

SÉRGIO AUGUSTO
DA SUCURSAL DO RIO

Jurandyr Noronha, pai do acervo do Museu do Cinema, só soube do roubo a 24 de julho deste ano. Por acaso. O produtor Oswaldo Massaini Filho pediu-lhe a indicação de uma câmera antiga, para ser usada em algumas sequências da refilmagem de 'O Cangaceiro', e Noronha sugeriu uma Ernemann ou uma Débrie. "A Cinemateca do MAM tem as duas. É só fazer uma réplica de uma delas", propôs ao produtor. "Tinha", respondeu o produtor. Noronha ficou chocado.
"Perdeu-se uma coleção valiosíssima, com peças que remontam ao início do cinema brasileiro. Algumas delas são raríssimas até mesmo na Europa e estavam em perfeito estado de conservação. A Cinemateca devia ter me informado do roubo. Nada justifica o seu silêncio, a sua omissão. O que é que eu vou dizer àqueles colecionadores que, abnegadamente, as doaram ao Museu do Cinema?"
Entre as preciosidades desaparecidas, a mais lamentada é uma câmera Débrie GV (Grand Vitesse), 35 mm, fabricada por volta de 1910, que puxava 240 fotogramas numa única manivelada. Como teve um período de fabricação muito curto, existem poucas no mundo.
"A Williamson também possui um valor histórico incalculável", ressalta José Roberto Messias de Moraes. "Acredita-se que tenha sido com ela que a missão do marechal Rondon foi documentada, no início do século. A câmera Pathé, roubada na segunda leva, era de 1907 e pertencia ao pioneiro Paulo Benedetti. Um vexame."
(SA)

Texto Anterior: Roubo em Cinemateca do MAM é ignorado
Próximo Texto: Livro alerta para risco de levantar o polegar
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.