São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995
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Desemprego é de 5% e 13%

GABRIEL J. DE CARVALHO
DA REDAÇÃO

Números sobre emprego também costumam causa estranheza entre leigos.
A taxa de desemprego na região metropolitana de São Paulo está em torno de 5%, segundo o IBGE, ao passo que o Seade/Dieese chega a números próximos de 13%.
Diferenças de metodologia entre IBGE e Seade/Dieese explicam esse aparente disparate.
A começar pela idade dos brasileiros que entram na chama PEA (População Economicamente Ativa, aquela apta ao trabalho). O IBGE inclui pessoas com 15 anos ou mais. No Seade/Dieese o limite é de 10 anos.
O conceito de desempregado é mais amplo para o Seade/Dieese do que para o IBGE. O Seade/Dieese trabalha com conceitos de desemprego oculto por trabalho precário (alguém que faz "bicos eventuais é desempregado) e por desalento (desistiu de procurar).
O IBGE adota o conceito de desemprego aberto. Desempregado é quem trabalhava, foi demitido ou se demitiu, procurou emprego recentemente e não achou.
Pobreza
Mesmo os números da pobreza no Brasil são controvertidos. O economista e sociólogo Nelson do Valle e Silva, do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), em artigo na revista "Ciência Hoje, da SBPC, no ano passado, contestou a existência de 31,6 milhões de miseráveis no país.
A imprecisão estaria no método utilizado para estimar o universo de famintos, a partir da comparação de renda e custo da dieta de sobrevivência, relata reportagem da revista "Veja, em 13/07/94, sobre o assunto.
Ignorou-se, por exemplo, que na área rural até 50% do sustento independe de dinheiro; que crianças e adultos necessitam de quantidades distintas de calorias para sobreviver.
O Ipea (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas), que chegou ao contingente de miseráveis, usou números de 86, ano atípico em preços e abastecimento.

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