São Paulo, domingo, 10 de setembro de 1995 |
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Caso Econômico tumultua Rede Globo
PAULO REIS
A emissora carioca depositava o salário de parte de seu elenco na instituição financeira baiana, atualmente sob intervenção do Banco Central. Até agora, a única medida que tomou foi a transferência dos pagamentos dos funcionários para o Banco Real. A intervenção, ocorrida há um mês, pegou alguns dos ilustres correntistas no contrapé e continua fazendo vítimas. O diretor Wolf Maia, da novela "Cara & Coroa", tinha R$ 120 mil aplicados, fruto da venda de um apartamento, para pagar a construção de casa própria num bairro de zona sul, no Rio. "O gerente colocou num fundo de renda fixa e me garantiu que eu poderia sacar no prazo desejado. Fui roubado", queixa-se Maia, que vai entrar com ação na Justiça. O ator Pedro Paulo Rangel foi outro dos mais prejudicados. Com R$ 150 mil na poupança do Econômico, dinheiro que vinha guardando havia oito anos, Rangel prefere o silêncio: "Me sinto ridículo em ficar falando sobre isso". A atriz Maria Padilha já é vítima experiente. Com o confisco do plano Collor, teve que vender seu carro para pagar as dívidas de uma peça. Agora, tinha aplicados no Econômico recursos que financiariam trabalhos futuros. "Não tenho a quem recorrer. Isso parece um drama kafkiano. Agora só vamos colocar dinheiro no Citibank, diz. Marieta Severo guardava o caixa do seu espetáculo teatral "Torre de Babel" no banco. Sentindo-se lesada, propõe que o Banco Central use os bens do ex-presidente do Econômico, Angelo Calmon de Sá, para cobrir o rombo. Juntam-se ao coro dos indignados as atrizes Fernanda Montenegro e Eva Todor. "Lamento profundamente que isso aconteça. O governo deve pagar as pessoas", diz Eva. "Isso é um confisco impensável neste governo. Por que tem sempre que cair sobre o ingênuo do povo brasileiro?", emenda Fernanda. A lista dos descontentes, interminável, formaria um elenco invejável para qualquer novela das oito. A atriz Claudia Ohana reconhece que tinha pouco aplicado no banco, mas exige rapidez na liberação do dinheiro pelo governo. A diretora Cininha de Paula passa mais tempo em filas de bancos do que em gravações. Regina Casé tenta reaver o dinheiro do apartamento que vendeu. Patrícia Travassos ainda luta para pagar o seu. A repórter do "Fantástico" Glória Maria teve que arranjar dinheiro com amigos para cobrir os cheques devolvidos. Nem todos se deram mal. O ator Pedro Vasconcelos, que também produz peças, escapou por pouco. "Com minha última montagem, estava zerado", diz. Texto Anterior: "Briga é só de Edir Macedo" Próximo Texto: CNT/Gazeta lança game participativo Índice |
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