São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995 |
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No teatro do mundo
NELSON DE SÁ
Viajando e brigando por seu projeto de um Brasil grande, no teatro do mundo. A viagem não começa bem. Ontem e anteontem a CNN gastou boa parte do tempo, na transmissão em inglês, para o teatro do mundo, apresentando e reprisando um longo relato -nada positivo- do projeto dos desaparecidos. Sobre imagens de tanques na rua, de jovens sendo presos, de mães de desaparecidos em atos contra o governo, a locução não tratou os militares com a cautela do presidente. Afirmou, logo de cara, que o projeto do governo não traz "os assassinos à Justiça". Mais importante, não responde às perguntas das famílias. Famílias que "têm vivido com a angústia de não saber o destino dos seus entes queridos". O tom -não poderia ser outro- foi dramático e sustentado em exemplos: - Vitória está procurando respostas a perguntas que a têm assombrado por duas décadas. Durante a ditadura brasileira, desapareceram seu marido, seu pai e seu irmão. - Vocês não podem imaginar a dor. Atravessar todo este tempo sem saber o que aconteceu a eles. E vai continuar sem saber, como mostrou a CNN, com uma única declaração do ministro Nelson Jobim, culpando a Lei da Anistia: - Nós não temos opção. Aquela lei não nos permite punir os que participaram das torturas e dos assassinatos. Não é bom, para o Brasil grande, o ministro da Justiça surgir no teatro do mundo dizendo que os torturadores e os assassinos podem andar livres, que ele nada vai fazer. No final, o resumo, quase o veredito do projeto: - Até conseguirem o que desejam, dizem elas, as famílias dos desaparecidos não vão deixar o Brasil esquecer o seu doloroso passado. Choque José Milton Dallari caiu, passou o tempo e veio o troco. No registro do SBT: - O ministro Sérgio Motta vê um choque de interesses na assessoria que o presidente dos Correios, Henrique Hargreaves, dá ao Sebrae. Texto Anterior: Mulher diz que foi agredida por pastor em culto Próximo Texto: Governo investiga negócios de Hargreaves Índice |
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