São Paulo, quarta-feira, 13 de setembro de 1995
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Feminismo de ponta só na cultura islâmica

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Alguém poderia me explicar o que aquela mulherada maluca está fazendo, criando encrenca lá em Pequim? Fico imaginando a decepção dos funcionários de carreira do Departamento de Estado norte-americano.
Os pobres coitados "camelam" há anos tentando aprimorar relações diplomáticas com a sisuda China, e daí chega a dona Hillary Clinton, bela e formosa, com seu discursinho avançado de meia-pataca, e bota a perder um trabalho de mais de duas décadas.
Será que aquele bando de brucutus -excluindo, claro, a enviada especial da Folha, Suzana Singer- acha que a mulherada vai deixar de ser encoxada no ônibus só porque elas assinaram um documento qualquer sobre direitos sexuais? Ora, faça-me um favor!
E ainda tem lá umas batráquias que protestaram contra os países islâmicos. Elas deploram a iniciativa do Irã, de substituir no documento oficial a expressão "direitos sexuais" por "direitos humanos da mulher". Por que é que elas não ficaram em casa fritando pastel em vez de ir até os cafundós da China desfilar seus QIs de ostra?
Tão politizado, tão cheio de opiniões "mudérnas", o bando de histéricas de Pequim não sacou o fundamental: que a cultura islâmica é bem mais avançada do que a ocidental no quesito direitos da mulher.
Veja: as feministas ocidentais consideram o chador -aquele véu usado pelas muçulmanas- uma ferramenta de repressão. Pois é justamente o contrário. No mundo islâmico -viu, leitor sem vergonha, que vez ou outra folheia revista de sacanagem-, mulher não é tratada feito boneca inflável, não. O chador faz com que o homem se interesse apenas pelo que a mulher traz no fundo do âmago de seu ser íntimo -como diria Ana‹s Nin. E não se deixe levar por um simples par de seios.
Só depois do casamento ele fica sabendo se tirou a sorte grande ou se vai passar o resto da vida dormindo com um búfalo.
Taí. Agora você entende, ó leitor burraldino, por que os países arábes são os maiores compradores da sofisticadíssima marca de lingeries La Perla?
Já imaginou a farra que não deve ser a noite nupcial à islâmica? Já pensou na hora que a mulher finalmente se descobre e joga aquela calcinha de seda vermelha na cara do noivo?
Morra de inveja, Marta Suplicy!

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