São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Empreiteiras cobram retomada de obras

DA REPORTAGEM LOCAL

Os empreiteiros de obras públicas de São Paulo rechaçaram o que chamam de "opção zero" do governador Mário Covas (PSDB) no que se refere a investimentos no Estado.
Os construtores realizaram ontem a maior assembléia dos últimos dez anos da Apeop (Associação Paulista de Empresários de Obras Públicas). Participaram 200 representantes de empreiteiras. O governo de São Paulo deve R$ 2,5 bilhões a essas empresas.
Segundo o presidente da entidade, Paulo Roberto de Godoy Pereira, "o governador paulista precisa sair do campo das intenções" e acelerar o processo de privatização e concessão de serviços públicos -uma forma de pagar a dívida.
Os empreiteiros cobram de Covas uma agenda de privatizações real, com prazos definidos.
As empresas estão dispostas até, segundo ele, a assumir o custo do término de obras paradas, desde que uma parte das dívidas do Estado seja paga em dinheiro e outra com títulos lastreados nas privatizações, com liquidez no mercado.
"Quando se trata de bancos, o Estado paga, corre atrás. Mas, quando chega a hora das empreiteiras, o Estado é inadimplente", reclamou César Veloso de Castro, um dos diretores da Apeop.
O comentário mais comum entre os empreiteiros é o de que Covas precisa deixar de ser gerente de um banco (o Banespa) e tratar de equacionar também a dívida do Estado com a iniciativa privada.
Segundo os empresários, Covas está descapitalizando as empreiteiras -justamente aqueles que deseja como parceiro para investimentos no Estado.
Para Covas, porém, as empreiteiras estão muito mais interessadas em apenas renegociar valores de contratos. "Estamos cobrando reajustes contratuais legais, que Covas não está cumprindo", rebate o presidente da Apeop.
Para Paulo Godoy, enquanto o Estado "tinha a maquininha de fazer dinheiro, o Banespa, as coisas eram feitas". Acontece, segundo ele, que a maquininha quebrou, e o governo precisa criar rapidamente alternativas.
Covas rebateu as críticas dos empreiteiros dizendo que a dívida não foi contraída em sua gestão.

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