São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Câmara aprova lei eleitoral e facilita doações a candidatos

DANIEL BRAMATTI; AUGUSTO GAZIR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Câmara aprovou ontem o projeto da lei que regulamenta as eleições de 1996. Uma omissão pode transformar em ficção a prestação de contas dos partidos.
O texto aprovado só prevê prestação de contas sobre doações em dinheiro. Se um candidato receber como colaboração uma frota de carros ou um avião, não precisará dar satisfações a ninguém.
O texto, aprovado em votação simbólica, com o apoio de todos os partidos, só hoje terá conhecida a redação final. Os deputados não conseguiram apreciar 31 destaques (pedidos de votação em separado), pois a sessão foi suspensa às 22h20 por falta de quórum.
Estava em votação o destaque que pedia o ressarcimento fiscal para emissoras de rádio e TV, como compensação pela cessão do horário gratuito.
Também não puderam ser votados os destaques que visam eliminar do projeto a cota de vagas para candidatas e a proibição da vinculação da imagem dos candidatos a inaugurações de obras públicas.
Pelo texto, ficaram isentas de prestação de contas todas as doações estimáveis em dinheiro, como cessão de imóveis, carros e material de propaganda.
Na eleição de 94, essas doações eram feitas mediante a troca por bônus eleitorais e constavam da prestação de contas. No atual projeto, os bônus foram substituídos por recibos, cuja declaração não é exigida na prestação.
O relator João Almeida (PMDB-BA) conseguiu aprovar a destinação das sobras de campanhas para os partidos.
Outro destaque aprovado, apresentado pelo líder do PFL, Inocêncio Oliveira (PE), acabou com a permissão da colagem de cartazes em postes de iluminação pública.
Inocêncio também propôs o fim das limitações à divulgação de pesquisas eleitorais. A proposta foi rejeitada. Dessa forma, fica proibida a veiculação de projeções sobre os dados pesquisados.
O veto a showmícios foi derrubado em um destaque apoiado pelos grandes partidos, com exceção do PT. Uma das primeiras propostas votadas previa um casuísmo: deputados e senadores poderiam concorrem em qualquer município de seu Estado, independentemente do domícilio eleitoral.
Milton Temer (PT-RJ) foi vaiado ao criticar a proposta, mas esta acabou rejeitada por 221 votos a 187. "Somos representantes do Estado. Nosso domicílio eleitoral é o Estado", disse Efraim Morais (PFL-PB), autor da proposta.

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