São Paulo, quinta-feira, 14 de setembro de 1995
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Justiça vai conhecer doadores

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O líder do PPR na Câmara, Francisco Dornelles (RJ), disse que a Justiça precisa ter acesso aos doadores das campanhas, mas que os nomes das pessoas e empresas não devem ser divulgados.
"Quando há divulgação, geralmente o candidato vencedor cria grandes constrangimentos com aqueles que ajudaram os vencidos", afirmou o deputado.
Na reunião dos líderes anteontem, só Dornelles foi favorável a proibir a divulgação -o que o levou a não apresentar a proposta ontem no plenário.
Segundo ele, o sigilo não era uma idéia aprovada na bancada do PPR. "Foi uma posição minha que eu discuti com as lideranças."
O único destaque que seria apresentado pelo PPR, segundo Dornelles, é o de suprimir a proibição de "showmícios". "Campanha é festa, é música. Sou contra o regulamento de cemitério."
A seguir, os principais trechos da entrevista que deu à Folha:

Folha - Por que o sr. acha que se deve manter em sigilo os doadores das campanhas eleitorais?
Francisco Dornelles - Eu queria que a relação dos doadores ficasse nos partidos à disposição da Justiça e que fosse enviada à Justiça Eleitoral somente a relação dos cheques com os valores.
Isso visava proteger o doador do candidato vencido, porque, quando há divulgação, geralmente o candidato vencedor cria grandes constrangimentos e até parte para perseguições com aqueles que ajudaram os candidatos vencidos.
Folha - Com o sigilo dos doadores, não poderia haver abuso de poder econômico e irregularidades nas campanhas?
Dornelles - A relação dos doadores ficaria à disposição da Justiça, que a qualquer hora poderia examinar. Eu, em nenhum momento, quis tirar essa relação dos doadores do controle da Justiça. Queria evitar a divulgação para proteger o doador.
Folha - Essa era uma posição da bancada do PPR?
Dornelles - Não, isso não foi posição da bancada do PPR, foi uma posição minha que eu discuti com as lideranças. À medida que se encontrou uma outra forma, isso não foi ao PPR. Esse ponto não vai a plenário, houve o acordo e o sigilo foi mantido. Os outros partidos acharam que não deveria haver essa proteção ao doador dos candidatos vencidos.
Folha - A Folha publicou ontem (anteontem) o telefone das lideranças para as pessoas opinarem sobre a lei eleitoral. A maioria das ligações para o PPR foi contrária ao sigilo. Como o sr. viu isso?
Dornelles - Achei muito importante. É importante que os deputados recebam críticas, a crítica purifica.
Folha - O sr. é contrário ao limite das doações de empresas?
Dornelles - Não, acho que tinha de haver os limites. O valor encontrado nesse acordo de ontem (anteontem) atende a todos, inclusive ao PT e ao PC do B.

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