São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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Jatene conseguiu

Os ministros são do governo e, portanto, contam com o apoio do governo, certo? No Brasil, não necessariamente. O ministro da Saúde, Adib Jatene, conseguiu anteontem o apoio do governo para a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), um dia depois de ter recebido o aval do PT.
O governo decidiu apoiar o ministro ao avaliar que não seria conveniente deixar o PT ficar com a bandeira de salvar a saúde. Antes disso, paradoxalmente, os ministros da área econômica, que eram os que mais restrições faziam à CPMF, já a haviam incluído como recursos na proposta orçamentária de 96, de modo que se o Congresso não a aprovar a saúde fica sem recursos.
Entre os parlamentares, a avaliação é a de que a contribuição será aprovada, quase que por uma política de fato consumado. Ninguém votaria contra a principal fonte de recursos para uma área tão sensível como é a saúde.
Descontados portanto os desencontros políticos e paradoxos que cercam a CPMF, sua aprovação já pode ser considerada provável. Jatene deverá mesmo dispor das verbas necessárias para que o sistema não se deteriore ainda mais.
Seu desafio, agora, se trava num outro campo. É preciso imprimir mais eficiência nos serviços de saúde. O combate ao desperdício tão característico do setor público, por exemplo, ainda é uma batalha nem sequer iniciada.
A sociedade fará a sua parte ao aceitar mais um imposto -e bastante injusto por sua regressividade- para salvar a saúde. A contrapartida desse sacrifício é que o ministro consiga impor ao setor um mínimo de eficiência.

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