São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995
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Polícia abusada

A carta enviada pela leitora Hebe Teixeira Soares nesta semana, na qual ela narra as desventuras de seu filho menor de idade preso com um pouco de maconha, enseja uma reflexão sobre o abuso de poder por parte da polícia.
O filho da leitora foi encaminhado ao SOS Criança e mantido incomunicável. Há indícios bastante fortes de que foi espancado. Laudo do IML aponta contratura paravertebral direita e esquimoses discretas.
A tristemente notória brutalidade da polícia brasileira se deve, em parte, à sociedade, que considera como que normal que os policiais ajam quase sempre com rispidez e tolera muitos desmandos.
Acrescente-se a isso uma legislação omissa -há polêmica entre os juristas se a autoridade policial pode ou não exigir a apresentação de documentos ou proceder a revistas sem mandado ou sem suspeita consistente para fazê-lo- e têm-se alguns dos ingredientes para a perpetuação do mau comportamento de certos policiais.
A melhor forma de combater o abuso é sem a menor dúvida a educação. De um lado, a melhora do ensino tenderia a melhorar os próprios quadros da polícia. De outro, mais importante, os cidadãos, especialmente os mais pobres que são as vítimas mais frequentes dos abusos, conhecendo os princípios básicos da cidadania, não se deixariam mais abusar com tanta frequência.

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