São Paulo, sábado, 16 de setembro de 1995 |
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Malan ao relento
JOSIAS DE SOUZA BRASÍLIA - Começa a se formar um cerco em torno de Pedro Malan. Não se trata de um círculo de proteção ao ministro da Fazenda. Bem ao contrário.Há uma trama contra Malan à volta de Fernando Henrique. O presidente tem duas opções: pode desmontar a operação ou permitir que tenha curso. De sua decisão depende o futuro do ministro no governo. O curioso é que o movimento dá os seus primeiros passos dentro do próprio PSDB, o partido do presidente. Um dos críticos à atuação de Malan é Sérgio Motta, ministro das Comunicações e amigo de Fernando Henrique. Os queixosos mencionam dois episódios em que, a seu juízo, Malan teria deixado em má situação o governo e o próprio presidente: os casos Dallari e Econômico. São dois exemplos que dizem muito a Fernando Henrique. O presidente também acha que Malan deu a José Milton Dallari uma sobrevida que custou caro ao seu governo. Quanto ao episódio do Econômico, sentiu certo desconforto com a ausência de Malan. No auge da negociação, o ministro encontrava-se na Argentina. Imaginava-se, porém, que tais passagens estivessem superadas. Diz-se ainda contra Malan que o ministro não teria jogo de cintura para negociar com o Congresso. E possuiria dificuldade crônica de comunicação com a sociedade. Malan não estaria, segundo seus detratores, conseguindo capitalizar a regressão dos índices de inflação. Sua suposta deficiência comunicativa deixaria campo livre para a repercussão dos efeitos colaterais do Real, o desemprego entre eles. É no mínimo estranho que o ministro da Fazenda esteja sendo vítima de uma conspiração interna justo no instante em que é fustigado pela avenida Paulista. Mencione-se, bastante a propósito, a aparente ausência de alternativas do governo. A entrega da Fazenda a José Serra, opção mais visível, incendiaria o PFL. Se o governo tiver um pingo de juízo não dividirá sua casa em hora assim tão imprópria. Uma coisa é discutir a substituição de uma Dorothea Werneck. Outra bem diferente é iniciar um debate a céu aberto sobre a competência do comandante da economia. Texto Anterior: Voando alto Próximo Texto: O pecado dos ovos Índice |
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