São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995 |
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Passeio vira excursão
CLÓVIS ROSSI
Bem "íntimo", de fato. Havia 17 outras pessoas a bordo do barco, além do casal Cardoso. Sem contar que, às vezes atrás, às vezes à frente, havia um segundo barco, lotado de jornalistas, seguindo a comitiva. Excursão Com isso, a viagem pelo canal transformou-se em uma típica excursão de turistas brasileiros, chefiada pelo presidente. Tanto que, a certa altura, ele ficou de pé no barco e perguntou ao taciturno ministro Pedro Malan: "Como era mesmo o gesto do almirante Tamandaré?" (patrono da Marinha brasileira). Cara fechada Malan não tinha a menor idéia nem a menor disposição para brincadeiras. Ficou de rosto fechado a maior parte do tempo, até sacar do bolso o cachimbo com que desafoga as tensões típicas de um tímido em meio a uma multidão. O presidente, ao contrário, até brincou de guia turístico. Niemeyer Mostrou uma das casas das margens e gritou para os jornalistas: "Foi restaurada pelo Niemeyer" (Oscar Niemeyer, o mais célebre arquiteto brasileiro). Parecia tão sério que houve, no barco da mídia, quem perguntasse: "É mesmo?". Fotógrafos e cinegrafistas moviam-se para a frente e para a parte traseira do barco, buscando o melhor ângulo. Fotos O fotógrafo oficial, Getúlio Gurgel, fotograva, do barco da comitiva, os fotógrafos que fotografavam o presidente. "É o presidente do meu país, não posso deixar de fotografar", gritava uma turista brasileira quando pressionada pelo barqueiro para deixar o barco de passeio que já havia chegado ao final do percurso. FHC justificou o bom humor dizendo que dormira muito bem. E o dia começou ainda mais agradável para um político. Turistas Ao deixar o hotel de Tuilleren, onde se hospedou em Bruges, FHC deu de cara com turistas gaúchos, assanhados para fotografar "um presidente". "Um, não. Dois", respondeu FHC, puxando seu antecessor Itamar Franco para aparecer também nas fotos. O passeio aumentou o bom humor. O barco deixou a comitiva no ancoradouro do "Kunst Centrum", museu que exibia uma exposição de pintores de vanguarda belgas do período 1880/1900. Tristeza O presidente parou diante de uma escultura de Constantin Meunier representando um trabalhador mineiro. "É o trabalho como tristeza", comentou FHC para a guia. Depois, virou-se para o repórter da Folha e brincou: "É por isso que eu prefiro ser presidente". Nem precisava dizer, aliás. Texto Anterior: Presidente defende ritmo das privatizações Próximo Texto: Estabilidade é tema de reunião Índice |
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