São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Holandesas querem direito à educação

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

Alguns problemas das mulheres também são problemas das meninas. Com essa idéia, a Holanda enviou as duas delegadas mais jovens da Conferência Mundial da Mulher, que terminou sexta, em Pequim, na China.
O encontro reuniu representantes de mais de 180 países. Eles discutiram temas como direitos da mulher no trabalho, educação sexual, aborto e falta de igualdade entre homens e mulheres. No final, aprovaram um documento com sugestões para se enfrentar esses problemas.
E a Holanda, um país europeu famoso por inventar moda, inventou mais uma. Enviou Marye Kat, 12, e Meike Keldenich, 11, que distribuíram uma carta com suas idéias e deram entrevistas.
"Nossa maior preocupação é com o direito das meninas à educação", disse Marye. Na carta que elas escreveram, apontaram que, no mundo, cerca de 130 milhões de crianças não vão à escola. E entre elas, 90 milhões são meninas.
Em países pobres, da América Latina, África ou Ásia, muitas famílias com pouco dinheiro mandam apenas os meninos para a escola. Elas acham que as meninas devem ajudar principalmente no trabalho doméstico.
A Folha perguntou à Marye e Meike: vocês sabem que no Brasil muitas meninas de sua idade são obrigadas a atuarem como prostitutas? "Sim, já ouvimos falar isso", disse Meike. "Agora, se elas forem à escola, não vão ter tempo de serem exploradas", respondeu Meike, dando uma sugestão para acabar com o problema.
A idéia de levar as meninas para a conferência foi do governo holandês. Ele organizou um concurso de redação, com o tema "A Mulher e seus Problemas".
Mais de 900 meninas enviaram seus textos. Marye e Meike foram as escolhidas e ainda tiveram de passar por uma entrevista. Depois, foi só fazer as malas e subir no avião rumo à China.
"É uma experiência muito legal", diz Marye. Ela e Meike estudam na sexta série e já pensam no futuro. Marye pensa em se tornar deputada ou vereadora, ela disse que começou a gostar de política. Meike quer ser advogada.
"Somos as mulheres de amanhã", afirma Meike. Elas também aproveitaram a conferência para conhecer a realidade de outros países. As holandesas conversaram com uma mulher do Sudão, um país pobre da África. "Ela contou que em seu país, existe uma guerra civil que dura vários anos. Por isso, as crianças não vão à escola."
As meninas levaram mais um recado a Pequim. "Queremos que todos os países coloquem crianças em suas delegações futuras. Afinal, somos o futuro e queremos dar nossas opiniões", disseram Meike e Marye.

Texto Anterior: Titã corintiano quer participar da campanha "Fome de Bola"
Próximo Texto: Brasileira mais nova no encontro tem 27 anos
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.