São Paulo, segunda-feira, 18 de setembro de 1995
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Olfato traz mais lembranças do que a visão, o tato ou a audição

KATHY WOLLARD

Como o nariz sente o cheiro das coisas? Você está andando pela rua e percebe um certo e fraco cheiro no ar -talvez uma combinação de terra úmida e grama cortada- assinalando a chegada de uma chuva.
Subitamente seu cérebro detona uma lembrança de você em pé, abrigado em sua garagem aberta, enquanto a chuva castiga a calçada, em um dia quente de verão, com cheiro de chuva, terra e grama lhe envolvendo.
Mais do que qualquer outro sentido, os odores estão ligados à memória e à emoção. O cheiro da chuva, por exemplo, traz mais lembranças de um dia passado do que se você visse uma foto sua de pé na garagem observando a chuva, ou se sentisse a chuva caindo em sua mão, ou ainda se ouvisse a chuva batendo no telhado.
Compare o olfato com o gosto. A língua pode distinguir somente doce, azedo, salgado e amargo. O nariz pode discernir mais de 10 mil odores -de peixe sendo frito até a fragrância de uma violeta. Tampe o nariz e uma maçã terá o mesmo sabor de uma cenoura.
Vivemos inundados em cheiros. O olfato é tão poderoso que exerce um papel central na sobrevivência. O olfato permite que os animais encontrem os parceiros sexuais -e, mais importante, comida.
Um animal recém-nascido procura o leite de sua mãe pelo olfato, já que seu olhos ainda não conseguem ver o bico do seio. Os bebês humanos também fazem isso.
Por outro lado, comida estragada cheira mal, então o olfato nos ajuda a evitar doenças.
Somente agora os cientistas estão começando a esclarecer como sentimos os cheiros. Atrás de cada nariz existem cerca de mil receptores de odores, aninhados em um pequeno retalho de tecido. Feitos de proteínas, os receptores brotam na superfície do tecido, que é um feixe de células nervosas.
Essas células nervosas estão conectadas aos bulbos olfativos, cujas fibras nervosas se projetam diretamente para o sistema límbico do cérebro, que é a "sede" de nossas emoções.
Algumas moléculas de cheiros flutuam para dentro do nariz e se alojam nos receptores de odores. As moléculas de odor das comidas que estamos ingerindo pegam uma rota diferente, flutuando a partir do fundo da garganta.
As moléculas de odor têm várias formas -fatias, esferas, hastes e discos. Quando uma molécula faz contato com um receptor de odor, o receptor muda de forma. Essa mudança impele as células nervosas a dispararem um sinal, que viaja através dos bulbos e para o cérebro. O cérebro interpreta o sinal como um cheiro particular -digamos, "cachorro molhado".
Receptores diferentes pegam componentes diferentes de um cheiro. Por exemplo, muitos componentes formam o cheiro que o cérebro rotula como "pipoca". Mude os componentes e a informação é "espiga de milho".

PERGUNTAS PARA KATHY WOLLARD devem ser enviadas em inglês para: P.O. Box 4564, Grand Central Station, New York, N.Y. 10163.

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