São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995 |
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Investir no Brasil é bom negócio, diz FHC
CLÓVIS ROSSI
Foi ontem, ao discursar no seminário sobre privatização no Brasil, realizado pelo Deutsche Bank, em sua sede central de Frankfurt, o coração financeiro da Alemanha e da Europa. Depois de dizer aos cerca de 250 empresários presentes que "serão muito bem-vindos " (ao Brasil), usou toda a conversa típica de vendedor: "É um bom negócio, os investimentos no Brasil rendem. As empresas alemãs ganharam mais no Brasil do que em outras partes do mundo". Finalizou ainda mais sedutor: "Não os convido ao sacrifício, mas ao êxito." O discurso do presidente foi recheado de números estratosféricos. Chegou a dizer que o Plano Plurianual de Investimento, recém-anunciado no Brasil, prevê investimentos globais, públicos e privados, da ordem de R$ 900 bilhões ("quase US$ 1 trilhão", traduziu) para os próximos quatro anos. Quando anunciado, o programa plurianual falava em investimentos de R$ 458 bilhões. Só nas telecomunicações, informou o presidente, os investimentos necessários serão de US$ 30 bilhões em quatro ou cinco anos, dos quais apenas US$ 6 bilhões estão disponíveis internamente. FHC jogou como isca também números pequenos, relativos à inflação. Disse que o total acumulado este ano "estará mais próximo de 20% do que de 25%". Explicou ainda aos empresários que, em sua gestão, o programa de privatização mudara de enfoque. Antes, visava apenas desfazer-se de estatais deficitárias. "Agora, não se trata de diminuir o déficit (público), mas de permitir que as empresas (privatizadas) cresçam", afirmou FHC. O discurso no Deutsche Bank foi o primeiro ato de um programa maratônico, iniciado quando o velho Boeing 707 da Presidência encostou junto ao tapete vermelho do aeroporto de Frankfurt, às 10h03 (5h03 em Brasília). A recepção foi imponente: 15 batedores, um helicóptero da segurança sobrevoando o tempo todo, uma limusine Mercedes-Benz negra para o presidente, e um punhado de Opels para a comitiva. O governador de Hessen (onde fica Frankfurt), o democrata-cristão Hans Eichel, exagerou. Defendeu a ampliação do G-7, o clube dos sete países mais ricos do mundo, para incluir o Brasil (além da China, Índia e Rússia). Texto Anterior: Congresso rejeita austeridade orçamentária Próximo Texto: Cerimonial impede "propaganda" da VW Índice |
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