São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Mania de tribunal gera seriado nos EUA

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

A partir de hoje, os norte-americanos vão poder escolher entre ver na TV o julgamento de um caso de homicídio real ou fictício. Ambos em Los Angeles, com vítimas mulheres e envolvendo milionários.
A série mais esperada da safra de 1995 de séries novas na TV é "Murder One", de Steven Bochco, na rede ABC.
Bochco anda jurando que seu projeto é muito anterior ao caso O. J. Simpson. Mas as semelhanças são indiscutíveis.
Uma das novidades de "Murder One" (que não tem estréia prevista no Brasil) é ser uma série que se concentra em um só caso policial, acompanhado em detalhes a cada semana.
É quase a adoção da fórmula da telenovela brasileira. Só que em vez de os capítulos serem diários, serão semanais.
"Murder One" (Assassinato Um) está sendo saudado por unanimidade pela crítica como a melhor produção da temporada 1995/1996 da TV dos EUA.
O jornal "The Washington Post", por exemplo, disse em sua edição de domingo que os novos programas podem ser divididos em duas categorias: "Murder One" e os outros.
"The New York Times", afirmou que "Murder One" é o único bom lançamento entre os 42 da temporada. A revista "Entertainment Weekly" deu à série de Bochco uma rara avaliação A.
Bochco já está faz tempo entre os queridinhos da mídia. Sua muito bem sucedida série "NYPD Blue" -exibida no ano passado no Brasil (sem sucesso) pela Rede Globo como "Nova York Contra o Crime"- é, de fato, uma das mais criativas produções de TV da década, ao lado da mal fadada "Minha Vida de Cão"-que o canal a cabo Multishow exibe no Brasil aos sábados às 13h e domingos às 20h.
O caso que "Murder One" vai detalhar ao longo do ano é sensacional como o de Simpson ou mais: garota de 15 anos aparece estrangulada, com o corpo nu, em apartamento cheio de drogas.
Um milionário, Richard Cross (vivido por Stanley Tucci), era amante da irmã da vítima. Procura o superadvogado Ted Hoffman (Daniel Benzali) para proteger-se de eventual escândalo, mas acaba preso como suspeito principal.
Hoffman é o herói da série. Se o programa pegar, como se antecipa, será o careca mais famoso da TV desde Kojak (Telly Savalas).
Mas "Murder One" é menos sobre pessoas do que sobre o processo judicial em si. Com um público já acostumado com os detalhes do caso Simpson, a curiosidade sobre os personagens de "Murder One" tende a crescer.
A série tem sobre o julgamento real de Simpson várias vantagens: é mais enxuta, o público não precisa perder horas até um recurso ser julgado -é mais dramática- os advogados são melhores atores e possivelmente o mistério do crime será conhecido antes.
Embora os três primeiros episódios de "Murder One" estejam sendo transmitidos em terças-feiras, o seu horário permanente será às quintas, a partir de 22h, com uma hora de duração por episódio.
Como nas telenovelas brasileiras, o desenvolvimento da ação ainda não está estabelecido e vai depender da reação da audiência.

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