São Paulo, terça-feira, 19 de setembro de 1995
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Andes no Mercosul

A declaração do ministro do Planejamento chileno à Folha, ontem, colocando a integração do Chile ao Mercosul como prioritária, reverte um discurso até há pouco franca e quase exclusivamente pró-Nafta. Como elementos em favor dessa estratégia o ministro Luis Maira elenca a proximidade geográfica e o volume de comércio entre o Chile e os países do Cone Sul.
A rigor, porém, há outros fatores que pesam na decisão chilena de prestigiar o Mercosul, ainda que sem abandonar o projeto de integração ao Nafta. O primeiro é, sem dúvida, a própria complexidade da integração ao Nafta.
Apesar dos avanços e da demonstração clara de apoio do governo dos EUA ao México depois da crise de dezembro, o fato é que o próprio acordo continua sob intensa crítica no meio político norte-americano, enquanto na opinião pública ainda reverberam as denúncias de perda de empregos nos EUA para os mexicanos ou de "dumping" social e ecológico.
Como reconhece o próprio Maira, "o Congresso norte-americano é imprevisível". Especialmente em meio a uma corrida pela sucessão de Clinton que já está nas ruas.
Adicionalmente, o ajuste mexicano vem resultando em forte recessão e mesmo a economia dos EUA passa por crescimento apenas moderado. Assim, voltar os olhos para um mercado com as dimensões do brasileiro, fortemente ampliado com a estabilização dos últimos meses, torna a aproximação com o Mercosul uma estratégia atraente.

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