São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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Hargreaves rescinde contrato com Sebrae

GABRIELA WOLTHERS; MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após sofrer pressões de todos os lados, o ex-presidente da ECT (Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos), Henrique Hargreaves, pediu ontem a rescisão do contrato de consultoria firmado com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas).
Segundo o presidente do Conselho Deliberativo do Sebrae, Guilherme Afif Domingos, a rescisão foi iniciativa "absoluta" de Hargreaves. Mas a Folha apurou que a decisão foi tomada em conjunto com a presidência da entidade.
Hargreaves firmou o contrato em junho com o Sebrae, que lhe rendia R$ 23,6 mil mensais por um trabalho de consultoria sobre o Congresso, quando ainda exercia o cargo de presidente da ECT.
Ao saber do contrato, o ministro Sérgio Motta (Comunicações) exigiu que Hargreaves optasse por um dos dois trabalhos. Ele escolheu o Sebrae, mas as pressões continuaram.
Na segunda-feira, superintendentes do Sebrae nos Estados se reuniram em Belo Horizonte (MG) e exigiram explicações da presidência nacional da entidade.
Nos bastidores, os superintendentes criticam Mauro Durante (presidente do Sebrae) e Afif, pois os dois seriam os maiores responsáveis pelas represálias contra a entidade no Congresso.
Projeto do líder do PL na Câmara, deputado Valdemar Costa Neto (SP), por exemplo, propõe a transferência das verbas públicas hoje destinadas ao Sebrae para o financiamento da saúde.
Entre 0,3% e 0,6% do valor da folha de pagamento das empresas é repassado pelo INSS ao Sebrae -somente neste ano, o valor já atingiu R$ 326,4 milhões.
Costa Neto é inimigo político de Afif. Seu projeto deveria ter sido apreciado ontem pelos deputados, mas a votação foi adiada para a próxima terça-feira.
O projeto ganhou um forte aliado -o governo federal. O adiamento da votação foi articulado pelo líder do governo na Câmara, Luiz Carlos Santos (PMDB-SP).
Segundo a Folha apurou, o governo concluiu que o projeto seria derrotado ontem e quer mais tempo para articular a base governista.
Hargreaves, que está em Portugal, enviou uma carta a Mauro Durante afirmando ser "um homem marcado pela perseguição do ódio e do rancor". Ambos pertenceram ao governo Itamar Franco.

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