São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
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"Só quero lhe dar uma sepultura digna"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A mãe do desaparecido político Marco Antônio Dias Batista, Maria Campos Batista, 67, afirmou que a punição dos responsáveis pelo desaparecimento de seu filho será com a "justiça divina".
Marco Antônio, estudante e militante da VAR-Palmares, desapareceu em 1970, aos 15 anos.

Folha - O que a senhora espera encontrar no arquivo do extinto Dops?
Maria Campos Batista - Eu espero encontrar alguma coisa que nos mostre onde está o corpo do meu filho. Eu rezei tanto! Pode ser que encontre alguma coisa. Mas acho que os documentos não vão trazer muitas informações.
Folha - Por quê?
Maria Batista - Porque eles (os militares) têm medo. Temem o revanchismo, a vingança, mas a vingança será a justiça divina. Não interessa o revanchismo para a gente. Quero saber o que fizeram com ele para poder lhe dar uma sepultura digna. A justiça divina vai responder pela gente.
Veja como o Médici (presidente Emílio Garrastazu Médici, que governou de 1969-1973) morreu magro e doente. Ele recebeu a resposta da justiça divina.
Meu filho desapareceu há 25 anos. Na época, eu procurei o governador e o juiz de menores.
O juiz, que não lembro mais quem era, disse que não podia fazer nada. Como um juiz não pode fazer nada por uma criança de 15 anos? Então não é juiz.
Folha - A sra. não acredita que vai encontrar nos documentos as informações que espera?
Maria Batista - Vamos ver. Eles devem ter retirado as coisas mais importantes, mas alguma coisa eles tiveram que deixar.

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