São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995 |
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Bancada de SP rompe com BC e vai a Malan
GUILHERME EVELIN
"É um imbecil", disse o líder do PSDB na Câmara, deputado José Aníbal (SP), a respeito do diretor de Normas e Fiscalização do BC, Cláudio Mauch. O diretor não comentou as críticas ontem (leia texto abaixo). Aníbal ficou irritado com as declarações de Mauch, feitas anteontem, de que o governador Mário Covas (PSDB) não fizera uma proposta formal -por escrito- para saldar a dívida com o Banespa. Pelo plano de Covas, São Paulo venderia bens para saldar metade do débito de R$ 13 bilhões que o governo estadual tem com o Banespa. A outra metade seria paga com um empréstimo externo. A dívida aumenta R$ 500 milhões a cada mês, por causa dos juros. Anteontem, Covas anunciou a rejeição de sua proposta. O BC insiste na proposta por escrito para evitar a distorção de informações durante a negociação. O BC teme que se repita o episódio envolvendo o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA), que anunciou a compra do Banco Econômico por parte do governo baiano como forma de suspender a intervenção decretada no mês passado -o que acabou desmentido pelo governo. Com o impasse nas negociações, os deputados paulistas querem pressionar o ministro Pedro Malan a tomar uma decisão sobre a suspensão da intervenção. "O Banco Central está fazendo papel de moleque, num injustificável vai-e-vem. Com ele, não dá mais para conversar", disse o deputado Hélio Rosas (PMDB), coordenador da bancada paulista na Câmara. Para o deputado Arnaldo Madeira (PSDB-SP), como a fase de negociações técnicas não deu certo, é necessário partir para uma "negociação política". "O Malan pode tomar uma decisão porque é o superior hierárquico do Banco Central", lembrou José Aníbal, concordando que o diálogo do governo paulista com o BC não tem mais condições de ser retomado. Reunião de 20 membros da bancada decidiu pedir uma audiência com o presidente Fernando Henrique Cardoso, que está viajando com Malan na Europa. A deputada Zulaiê Cobra Ribeiro (PSDB-SP) previu que haverá um "enfrentamento" da bancada paulista, composta por 70 deputados, com o governo no Congresso, se não houver uma decisão satisfatória para o caso Banespa. "O presidente Fernando Henrique Cardoso está brincando com o Estado de São Paulo e pode ter muitos problemas políticos por causa disso", disse a deputada, muito ligada a Covas. Para Tuga Angerami, do PSDB do presidente FHC, "Gustavo Loyola é demissível a qualquer momento -referindo-se ao presidente do BC. O governador, por sua vez, acha legítimo os deputados paulistas negociarem com Malan. O governador, porém, disse que ao Estado cabe negociar diretamente com o Banco Central. "Foi o BC que nos comunicou a intervenção. Portanto é com o BC que devemos discutir o assunto", disse Covas ontem durante entrevista em São Paulo. Colaborou a Reportagem Local Texto Anterior: EM VIAGEM Próximo Texto: Covas afirma que fez proposta oficial Índice |
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