São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

'Seis Graus' conta bem uma boa trama

ZECA CAMARGO
EDITOR DA ILUSTRADA

Imagine uma ótima história. Agora imagine ela bem contada. Pronto: você já está no clima para assistir "Seis Graus de Separação", a espertíssima peça de John Guare, agora lançada em vídeo.
O filme é do final de 1993, dirigido com grande competência (em se tratando de uma adaptação do teatro) por Fred Schipesi, e feito na sequência do sucesso da peça homônima em Nova York -montada no Brasil no mesmo ano.
Atual, sem ser datado, "Seis Graus" é quase uma comédia -o "quase" fica por conta de guinadas dramáticas e do final meio "cabeça". Porém, essas mudanças de rumo -de uma trama que já em si nunca dá pistas sobre para onde vai- não afastam seu interesse.
O fato de o cenário ser bem nova-iorquinos também não vai impedir ninguém de se envolver com a história -e antes que essa resenha passe por "seis graus de preparação", aqui vai ela.
Paul, um jovem negro, invade o apartamento de família rica com a desculpa de ter sido assaltado no Central Park e com o "aval" de ser amigo dos filhos do casal.
Capaz de defender uma tese sobre o livro "O Apanhador no Campo de Centeio" e ainda preparar um delicioso jantar, Paul ainda marca mais alguns pontos no quesito fascinação: ele diz que é filho do ator Sidney Poitier.
Os Kittredge (a família em questão) ficam encantados até convidá-lo para passar a noite em casa e descobrir, pela manhã, que ele apanhou um garoto na rua e o levou para passar a noite com ele.
Essa é a primeira surpresa. Logo depois, num fascinante exercício de narrativa, eles vão contando essa história e descobrindo que outros caíram no mesmo conto.
E que Paul não é nem parente de Sidney Poitier. E que seu passado é desconhecido. E que ele se meteu com um casal de garotos do interior dos Estados Unidos provocando desgraça entre eles.
Dizer mais do que isso é entregar demais essa história brilhante.
Como se as surpresas de "Seis Graus de Separação" -um título que surge como uma revelação ao longo da história- não fossem suficientes, ainda há as excelentes interpretações de Will Smith (Paul) e Stockard Channing.
A atriz (que está agora nos cinemas em "Cortina de Fumaça", de Wayne Wang) é daquele time das "melhores porém menos conhecidas" -tipo Julianne Moore- e vê-la em "Seis Degraus" é entregar-se ao seu encanto.
Tudo bem que Ouise (seu personagem no filme) tem algo fabuloso para contar. Mas, na sedução de Channing, até piada velha...

Vídeo: Seis Graus de Separação
Direção: Fred Schepisi
Com: Stockard Channing, Will Smith, Donald Shuterland
Lançamento: MGM/UA Home Video, tel. 011/820-6777

Texto Anterior: Profecias de 'Rock Horror' se concretizam
Próximo Texto: Romance de Beauvoir vira filme insosso
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.