São Paulo, quinta-feira, 21 de setembro de 1995
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Loyola, os juros e o emprego

JOSIAS DE SOUZA

BRASÍLIA - Em debate com operadores de Bolsas de Valores, amanhã, o presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, defenderá uma idéia ousada: a moratória do pagamento de contribuições de empresas para entidades como Sesi, Sesc, Senac, Senai e Sebrae.
As empresas deveriam, segundo sua tese, suspender temporariamente o repasse de dinheiro para tais entidades. Em contrapartida, se comprometeriam com um programa de garantia de emprego.
Loyola falará em caráter pessoal. Mas sua proposta reflete um sentimento que se generaliza no governo. Há tempos a equipe econômica e o Ministério da Previdência estudam formas de desonerar a folha de salários.
Juntos, os penduricalhos sociais arrancam da folha das empresas algo como 5% ao mês. A arrecadação é feita pelo governo, que repassa a dinheirama às respectivas entidades.
Em julho, por exemplo, segundo dados oficiais, o repasse somou R$ 241,8 milhões. Desde janeiro, só para o Sebrae, hoje na berlinda, foram transferidos R$ 326,4 milhões.
No mesmo encontro com operadores, em São Paulo, Loyola pretende fazer uma defesa da manutenção das atuais taxas de juros. A despeito da avalanche de críticas, acha que o cenário não permite a redução expressiva dos juros.
Junte-se a idéia da moratória das contribuições sociais à defesa dos juros siderais e logo se entenderá onde Loyola quer chegar. A mensagem que deseja transmitir é a de que o choro do empresariado não amolecerá a política monetária de Brasília.
As críticas devem ser substituídas, segundo sua tese, pela busca de alternativas que permitam a manutenção do emprego. Daí a idéia da moratória das contribuições. Certa ou errada, a política de juros, decorrência da tática cambial, será mantida.
Loyola, evidentemente, acha que a estratégia é correta. Costuma lembrar que, quando possível, tem puxado a taxa de juros para baixo. Gradual e lentamente.
Em sintonia com Pedro Malan, Loyola não enxerga recessão na economia. Fala em desaceleração. Diz que o desemprego decorre também de fenômenos como a automação e ganhos de produtividade. Então tá.

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