São Paulo, sexta-feira, 22 de setembro de 1995
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Mãe não quer que pena máxima seja aplicada

CLÁUDIA MATTOS
DA SUCURSAL DO RIO

Lídia Pinto Machado, 65, mãe de Maria Isabel Monteiro, não admite que a pena de morte seja aplicada ao assassino de sua filha, como defendeu o governador do Estado de Nova York.
Chorando muito, mas procurando ser lúcida em suas declarações, Lídia deu sua primeira entrevista ontem no Rio, tendo a seu lado o filho Antônio José Monteiro e a nora Martha Molnar.
Lídia prefere culpar a fatalidade pela morte de sua filha. Em vez de criticar autoridades norte-americanas e brasileiras, ela as elogiou e afirmou que não vai processar a Prefeitura de Nova York.

Pergunta - A senhora é a favor que a pena de morte seja aplicada ao assassino de sua filha?
Lídia Pinto Machado - Não concordo com a pena de morte em hipótese alguma. Sou contra.
Pergunta - Quais as providências que a senhora espera que sejam tomadas para evitar casos como o de sua filha?
Lídia - Não é só Nova York que precisa tomar providências. É o mundo inteiro. Todos têm de se unir para aumentar o policiamento. Hoje foi minha filha. Amanhã será outra e outra e outra...
Como foi o crime, eu não sei. Só sei que quero minha filha de volta. Ela era a melhor filha, a melhor irmã e a melhor amiga do mundo. Eu agradeço a todos que estão nos ajudando. Ontem (quarta-feira), o prefeito de Nova York telefonou para prestar solidariedade. Recebi telefonemas do Brasil todo, da França e da Espanha.
Pergunta - Qual era o estado de espírito de Maria Isabel quando a senhora falou com ela pela última vez (mãe e filha conversaram pelo telefone uma semana antes de seu assassinato)?
Lídia - Ela estava vivendo um momento muito feliz. Estava morando bem, trabalhando bem. Estava vindo passar o Natal aqui e, na volta, iria levar o sobrinho de 8 anos para conhecer Nova York. Dei até uma receita de bolo.
Pergunta - A senhora pretende exigir alguma indenização da Prefeitura de Nova York?
Lídia - Não. Olha, ela morou durante muito tempo na rua 11, entre a 1ª e a 2ª Avenidas, que é um lugar tido como perigoso. Há poucos meses, ela foi para esse apartamento na rua 57, que é um lugar mais fino. O apartamento era de um amigo fotógrafo que foi para a Europa fazer um trabalho e o emprestou até dezembro.
Ela nunca teve problema quando morava na rua 11. Foi ter justamente quando estava morando em um lugar mais fino.
O problema que ela teve poderia ter acontecido na Barra da Tijuca, no Central Park ou em Paris.

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