São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Durante admite jogo político no órgão

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O diretor-presidente do Sebrae, Mauro Durante, não esconde que sua indicação para chefiar a entidade foi política e que seu passado não tem ligação com a micro e pequena empresa. "Se eu dissesse que sou do movimento da microempresa desde criancinha, estaria mentindo", disse à Folha.
Segundo ele, seu interesse no Sebrae teve início no fim do governo Itamar Franco, quando ocupava a Secretaria Geral da Presidência -precisava encontrar um novo emprego. A seguir, principais trechos da entrevista.

Folha - Como o sr. vê a situação do Sebrae após o caso Hargreaves?
Mauro Durante - Foi uma confluência de fatores, de natureza política e empresarial. O que é lamentável é que seja atingida uma instituição que não tem nada a ver com essa luta insaciável de poder.
Folha - O sr. citaria nomes?
Durante - Não. Temos pesquisas indicando que 85% da população economicamente ativa sonha em ter seu negócio próprio. Você imagina o poder político, no bom sentido, que é o Sebrae, que dando certo incomoda muita gente por causa dos calendários eleitorais e políticos regionais.
Folha - O sr. não considera que os problemas do Sebrae se devem às indicações políticas?
Durante - O Sebrae nunca deixou de ter indicações políticas e elas sempre tiveram esta força por causa da participação governamental que existe na entidade.
Folha - O sr. fala em confluência de interesses, mas existiu um fato concreto, que foi o contrato com Henrique Hargreaves...
Durante - Se eu achasse que o contrato era um erro, não o teria assinado. Não vou discutir problemas funcionais.
Folha - Por que o sr. quis trabalhar no Sebrae?
Durante - Se dissesse que sou do movimento da microempresa desde criancinha, estaria mentindo. Não sou um homem rico. Evidentemente, quando começou a terminar o governo, comecei a me preocupar. É bom que um ministro saia do governo precisando de emprego para sobreviver. Tentei ingressar no TST (Tribunal Superior do Trabalho). Disputei legitimamente uma vaga, mas não obtive o número necessário de votos. Foi então que fui alertado que o Sebrae era um órgão que precisava de uma pessoa com o meu perfil, com capacidade de articulação. O governo tem cinco votos lá. Ai, nasceu meu interesse.

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