São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
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Punk é acusado de matar a tiro skinhead em SP

MARCELO GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Um membro do grupo skinhead Carecas do Brasil foi morto com um tiro nas costas anteontem, às 19h, durante confronto entre os "carecas" e os anarcopunks na praça Fernando Prestes, na Luz (região central de SP).
Marcelo Torres de Souza, 21, morreu ao chegar no pronto-socorro de Santana. Seus amigos apontaram o vendedor Ivan de Souza Ribeiro, 26, líder dos anarcopunks, como o autor do tiro. Ribeiro foi preso em flagrante.
Os dois grupos haviam se encontrado na quadra de esportes da Fatec (Faculdade de Tecnologia de São Paulo), onde se realizaria um show de rock. A praça separa a faculdade do quartel-general da PM.
Os anarcopunks autodenominam-se antimilitaristas e anti-racistas. Já os Carecas do Brasil autoclassificam-se como nacionalistas e militaristas.
Há duas versões para o crime: a dos "carecas" e a dos anarcopunks. Os "carecas" afirmaram, ao depor no 2º DP, que foram convidados para o show e, que ao chegarem na Fatec, encontraram seus desafetos, os anarcopunks.
Prevendo confusão, disseram os "carecas", eles saíram da Fatec. Um deles, Robson Melo, 25, foi telefonar em um orelhão. Quando fazia a ligação, teria sido cercado por anarcopunks.
"Perguntaram se eu era careca. Respondi que sim. Um deles sacou um revólver e disse que eu estava perdido", afirmou Melo ao depor.
Melo disse que correu dos anarcopunks, assim como seus amigos. O grupo rival estaria também com porretes e barras de ferro. Pouco depois, Melo ouviu quatro tiros. Um deles acertou Souza.
O policial civil Glauco Poltontreri, 28, passava pela praça e deteve Ribeiro, o acusado, que foi reconhecido por testemunhas.
Já o acusado e seus amigos anarcopunks afirmaram que estavam na Fatec quando foram avisados que os "carecas" iam matar um membro de seu grupo.
Por isso, afirmou ele, os anarcopunks saíram da Fatec e se reuniram, cerca de dez, em frente ao quartel da PM. "Estava lá quando houve o tiroteio." Ribeiro negou o crime. O revólver que ele teria usado não foi encontrado.
(MG)

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