São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Infocrime

Houve época em que se pretendeu construir uma criminologia com base nas fisionomias. Pelas feições, o indivíduo perverso poderia ser identificado e talvez até o crime evitado. Se essa teoria mostrou-se implausível na prática, no mundo contemporâneo surge uma nova modalidade de crime que, por definição, não tem associação fácil com uma pessoa visível.
É o infocrime, várias formas de perversão e criminalidade que têm proliferado na esteira da disseminação explosiva da Internet, a rede global que une computadores através de linhas telefônicas.
As novas taras não cessam de surgir: da cyberpornografia à destruição de "home pages" por "hackers" (invasores de redes informáticas) que não deixam rastro digital. São taras tão novas, num meio tão novo, que nem sequer existem termos o bastante em português para descrever essa "realidade virtual".
Virtual, mas não virtuosa. Há alguns dias, depois de dois anos de investigação "on line", agentes do FBI puseram na cadeia cerca de 50 traficantes de sexo infantil de carne e osso. Aguardam julgamento atrás de grades, com cadeados e não senhas, assim como certos "hackers" que entraram em sistemas bancários ou de defesa dos EUA.
As prisões e investigações, porém, revelam ao mesmo tempo a fragilidade desses espaços virtuais. Os locais ainda não são seguros e a privacidade está longe de ser total.
Os problemas legais e culturais associados ao uso de redes como a Internet são portanto bastante complexos. Ao Infocrime cibernético deverá contrapor-se também uma Infovirtude, tão utópica quanto as virtudes do mundo físico.

Texto Anterior: O custo das reformas
Próximo Texto: Multiplicando dívidas
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.