São Paulo, segunda-feira, 25 de setembro de 1995 |
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Os excluídos
VALDO CRUZ BRASÍLIA -Acossado pelas críticas à sua política econômica, o ministro Pedro Malan (Fazenda) pretende defender a nomeação de um auxiliar dedicado exclusivamente a combater o "custo Brasil": tudo aquilo que encarece a vida das empresas.Lançado como uma de suas metas à frente do ministério, o fim do "custo Brasil" ainda não saiu do papel. Agora, com a polêmica do desemprego rondando seu gabinete, vai retomar a bandeira. Malan e sua equipe avaliam que uma das causas do aumento do desemprego no país é a pesada carga de contribuições sobre a folha de pagamento. Reduzir ou cortar esse custo ajudaria na luta contra as demissões. O mesmo raciocínio é feito pelo colega Paulo Paiva. Ministro do Trabalho, ele diz que o "pior já passou" ao analisar os efeitos da atual política monetária sobre o emprego do brasileiro. Paiva chega a dizer que associar o desemprego somente à política monetária é uma "ignorância". Em sua opinião, os principais inimigos do trabalho atualmente são o avanço tecnológico e da informalização da economia. Quanto ao primeiro item, diz que é uma consequência da abertura econômica. A mesma concorrência dos importados, que fez a inflação cair, força a empresa nacional a se modernizar, o que acaba gerando demissões. Quanto ao segundo, Paiva mostra que o número de trabalhadores com carteira assinada caiu 1% nos últimos cinco anos. Na indústria de transformação, a queda foi ainda maior, de 2,4%. Já na economia informal aconteceu o inverso. Dados do IBGE, segundo o ministro do Trabalho, indicam que nos últimos 12 meses cresceu em 4,07% o contingente de brasileiros que trabalham, mas não tem carteira assinada. Para Paulo Paiva, esse é o grande desafio do governo Fernando Henrique Cardoso quando se fala de emprego. Resgatar para o mercado formal esse trabalhador que consegue uma renda mensal, mas que perdeu a proteção das leis trabalhistas. Hoje, esse trabalhador é um excluído. Sem a carteira assinada, dificilmente consegue crédito na praça. Se for demitido, sai da empresa com os bolsos vazios: não tem direito a aviso prévio, a fundo de garantia. Paiva diz que se pode reduzir os custos trabalhistas das empresas em 7% a 12%. Aí está uma reforma que já passou da hora. Governo, Congresso e empresários deveriam se unir pelo menos em busca de atingir essa meta. Texto Anterior: Os Bráulios e o governo Próximo Texto: Absalão! Absalão! Índice |
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