São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Funcionários da Ford aceitam o "bolsão"

CRISTIANE PERINI LUCCHESI
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 70% dos 2.800 trabalhadores da unidade da Ford no bairro do Ipiranga, em São Paulo, resolveram ontem, em assembléia, aceitar a proposta de demissões feita pela empresa, o "bolsão".
"As 1.600 demissões na Mercedes-Benz amedrontaram o pessoal, que preferiu o bolsão ao corte imediato", acredita o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e diretor da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.
Com a decisão, a partir de 1º de outubro 600 trabalhadores serão deslocados para "o bolsão": vão ficar em casa, sem trabalhar, e receberão 80% do salário em outubro, 70% em novembro, 60% em dezembro e 50%, em janeiro.
Desses 600 metalúrgicos, os que não forem chamados de volta ao trabalho até 31 de janeiro serão demitidos, recebendo todos os direitos mais 0,415% do salário por ano de trabalho na empresa, descontados 40% do total recebido durante o "bolsão".
O trabalhador convocado para o "bolsão" pode optar pela demissão imediata, com extensão do convênio médico e 0,415% do salário por ano de empresa.
"Eu não gostei da proposta da Ford, mas o estatuto do sindicato me obriga a assiná-la, uma vez que a assembléia aprovou", disse Paulinho. A proposta rachou os militantes da Força Sindical e da CUT na empresa.
"É um exemplo ruim que estamos dando ao movimento sindical e vou assinar a proposta com dor no coração", disse Paulinho. Para ele, os trabalhadores votaram a favor porque "estão no desespero de definir logo sua situação".
Carlos Augusto Marino, diretor de relações trabalhistas da Ford, disse que o sistema de "bolsão" é muito usado nos EUA e chama-se "temporary lay-off".

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