São Paulo, terça-feira, 26 de setembro de 1995
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Carlinhos faz engenharia

MÁRIO MAGALHÃES
DO ENVIADO A BELO HORIZONTE

O zagueiro Carlinhos, 21, do Guarani, é exemplo da transformação relativa do perfil social do jogador de futebol brasileiro nas últimas duas décadas.
Ao contrário do que era comum à esmagadora maioria dos atletas, ele não é originário de família pobre.
Nasceu numa família de classe média em Campinas (SP). É aluno do segundo ano do curso de engenharia da PUC da cidade.
A mudança no perfil social do jogador profissional é um fenômeno amplo, segundo pesquisa do Núcleo de Sociologia do Futebol da Universidade Estadual do Rio de Janeiro.
(MM)

Folha - Em que seleções brasileiras você jogou?
Carlinhos - Na de juniores. Disputei o Torneio de Toulon neste ano, na França, vencido pelo Brasil.
Folha - Você se surpreendeu ao ser chamado para a seleção pré-olímpica, que a CBF chama de principal?
Carlinhos - Claro. Fui informado por um jornalista na saída do treino.
Folha - Festejou?
Carlinhos - Só houve tempo para os parabéns, porque eu tinha que ir para a faculdade fazer uma prova da cadeira de materiais de construção civil.
Folha - Você foi bem?
Carlinhos - Nem conseguia me concentrar, mas acho que deu para tirar nota 5, pelo menos.
Folha - Por que você decidiu ser engenheiro civil?
Carlinhos - Eu gosto. Meu pai e meu tio são.
Folha - Você sempre atuou como zagueiro?
Carlinhos - Sim. Desde os dez anos de idade, quando fui para o Guarani. Já nessa idade, meu pai gritava para eu atacar, mas eu respondia que antes de pensar em gol, o importante era não sofrer.
Folha - Não é um pensamento pragmático demais para uma criança?
Carlinhos - Eu coloco a razão na frente da emoção. Mesmo mais novo, eu não ia às festinhas, para ficar me concentrando nos jogos.

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