São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Grupo de Quércia dará apoio a Paes

Goldman fica sem votos paulistas

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-governador paulista Orestes Quércia decidiu manter o apoio do seu grupo político à candidatura do deputado Paes de Andrade (CE) à presidência do PMDB.
Paes disputará o cargo domingo contra o deputado paulista Alberto Goldman, que nos últimos anos foi um dos mais ardorosos defensores de Quércia nos confrontos internos do PMDB.
São Paulo tem 17 votos entre os 151 que escolherão o novo presidente do PMDB. Dos 17, apenas dois (Luiz Antônio Fleury Filho e Luiz Carlos Santos) hoje não têm nenhum tipo de ligação com Quércia.
Oficialmente, o ex-governador optou por manter o apoio a Paes e deixar a critério de cada convencional paulista o destino de seu voto.
Nas conversas com os delegados, porém, Quércia tem ponderado sobre a inconveniência da candidatura Goldman.
O cálculo que circula hoje no quercismo aponta que Goldman é dono de apenas três dos 15 votos do grupo.
A opção de Quércia complica o quadro para Goldman. O deputado paulista, segundo a avaliação corrente no PMDB de São Paulo, estaria em condição de equilíbrio com Paes e dependeria de um apoio quase unânime da delegação paulista para vencer a disputa.
Goldman tem relações fraternas com Quércia desde a década de 70, quando era integrante do à época clandestino Partido Comunista Brasileiro (PCB), que se abrigava no MDB.
Em 86, Goldman rompeu com o PCB para manter-se fiel à candidatura de Quércia ao governo paulista. A eleição de Fernando Henrique Cardoso, no entanto, complicou a relação entre os dois.
Goldman, que na Assembléia Legislativa de São Paulo foi um dos mais combativos aliados de Quércia, e o deputado federal paulista Aloysio Nunes Ferreira Filho são hoje vistos com desconfiança pelo grupo do ex-governador.
Com a vitória de FHC, Goldman e Aloysio aproximaram-se do novo governo. A justificativa oficial de ambos é que, assim como o Planalto, defendem mudanças no país.
Quércia, até para manter sob sua direção o PMDB paulista, tem marcado o discurso com críticas a FHC. Acha que uma eventual vitória de Goldman colocará o partido em posição ainda mais dócil diante dos tucanos, seus principais adversários em São Paulo.
Entre os políticos mais próximos a Quércia, a dúvida agora é sobre o voto de João Osvaldo Leiva, presidente do diretório paulistano do PMDB por indicação do ex-governador.
Leiva é tradicionalmente submisso a Quércia. Prometeu o voto a Goldman. O ex-governador pode liberar a "rebeldia" de Leiva, até para não fechar definitivamente a possibilidade de entendimento com Goldman após a eleição de domingo.

Texto Anterior: Senadores pedem pesquisa livre a FHC
Próximo Texto: Goldman consegue apoio da Paraíba
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.