São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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PC chinês pune dirigente por corrupção

JAIME SPITZCOVSKY
DE PEQUIM

O Partido Comunista da China expulsou ontem o ex-prefeito de Pequim (capital) Chen Xitong do Politburo, principal órgão de poder do partido.
A atual campanha anticorrupção atingiu pela primeira vez a elite do partido, revelando também uma das faces da luta pelo controle da sucessão do líder comunista Deng Xiaoping, 91.
O PC também anunciou o plano econômico quinquenal para 1996-2000.
Apontou como prioridades o investimento na agricultura, em vez de na indústria, e a reforma das empresas estatais.
O plano reserva para as companhias deficitárias o fechamento, a absorção por outra empresa ou mudanças na administração.
Os anúncios vieram ao final de uma reunião de quatro dias do Comitê Central, o "parlamento do partido, com 176 integrantes. O Politburo reúne 19 membros.
Chen Xitong, 65, também foi afastado do Comitê Central, mas não foi expulso do partido.
Uma punição mais dura poderia assustar outros integrantes da elite partidária, com medo de ser vítimas da campanha anticorrupção iniciada há dois anos pelo presidente Jiang Zemin.
Jiang Zemin usa a campanha na tentativa de se legitimar no poder. Foi apontado pelo dirigente Deng Xiaoping, o arquiteto das reformas pró-capitalistas e hoje com saúde debilitada, como seu sucessor.
Chen Xitong se destacava entre as figuras que desafiavam a autoridade de Jiang Zemin. O presidente chinês se aproveitou da campanha anticorrupção para se livrar de um inimigo político.
A queda de Chen Xitong começou em abril, quando seu ex-assessor Wang Baosen, vice-prefeito de Pequim, suicidou-se.
Wang era o foco de uma investigação sobre subornos e desvio de dinheiro público, no montante de US$ 37 milhões.
Em maio, Chen renunciou ao cargo de chefe do PC em Pequim, que assumiu ao abandonar a prefeitura da cidade, em 1992.
No mês de julho, foi colocado em prisão domiciliar, acusado de ter ligações com o escândalo Wang Baosen.
O envolvimento de Chen no esquema de corrupção não foi detalhado. Mas o documento do Comitê Central afirmou que ele "vivia uma vida extravagante, aceitava presentes de alto valor e que "cometeu muitos erros".
O plano quinquenal, resquício da economia planificada (comunista), pede à população que aprofunde a teoria de Deng Xiaoping para implantar "o socialismo com características chinesas".
Trata-se de um eufemismo para descrever o salto rumo ao capitalismo, capitaneado pelo PC.
Com a economia que mais rapidamente cresceu no mundo nos últimos 15 anos, a China prioriza agora o combate à pobreza e o problema de ter que alimentar sua população de 1,2 bilhão de pessoas. Por isso prega priorização de investimentos na agricultura.

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