São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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Deflação

A deflação registrada pelo IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado) referente ao mês de setembro é um fato animador, mas, também, um indício de que o governo exagerou na dose do arrocho monetário. Mostra que no Brasil os preços podem cair, mas, de outro lado, que os juros estratosféricos impuseram às contas públicas e à nação um custo desnecessário.
Como os juros nominais foram mantidos em 3,3% ao mês, a deflação significa que só em setembro os juros reais foram de 4% ao mês. É uma taxa que vários países desenvolvidos não chegam a pagar em todo um ano. Ainda que a deflação seja um fenômeno passageiro, o absurdo a que chegaram os juros reais neste mês mostra que, de modo geral, as taxas já vinham sendo elevadíssimas.
Mais amplo do que os índices de preços ao consumidor, o IGP-M registra também as variações no atacado e nos custos da construção civil. Índices como o IPC da Fipe ou o INPC, calculado pelo IBGE, são melhores para medir o comportamento do custo de vida e o poder de compra dos salários. Mas o IGP-M é mais indicado como referência do valor real da moeda.
A redução das taxas para 3,13% ao mês em outubro muda muito pouco. Os juros continuam escorchantes. E a atual política monetária mostra-se cada vez menos razoável. Se no início do ano o crescimento excessivamente rápido da economia ameaçou o controle da inflação, agora, com desemprego crescente e preços sob controle, a política do BC e da Fazenda é realmente difícil de ser entendida.

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