São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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Alergia a história

As propostas de mudar o Estado e o país parecem bastante consensuais até a hora de colocá-las em prática. No discurso, o Brasil é sempre o país do futuro. Na realidade, a cada ação correspondem reações que freiam e até negam mesmo a possibilidade de o país progredir, como desejam os brasileiros.
O bloqueio à reforma administrativa é mais um capítulo nessa sucessão secular de reações corporativas. Aparece ao lado de numerosa companhia: freadas estão também a reforma da Previdência, a tributária, a política e a privatização.
É portanto bastante oportuna a imagem lembrada pelo ministro Bresser Pereira: os políticos de hoje repetem a coreografia das oligarquias do século passado, que repeliam a abolição da escravatura para não ferir direitos adquiridos.
O relator da emenda da reforma administrativa na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça), deputado Prisco Viana (PPB-BA), apontou oito inconstitucionalidades e oito erros jurídicos no texto enviado pelo governo. Se esse parecer vier a ser aprovado, nada mudará na esfera do funcionalismo público, uma das mais arraigadas corporações.
Parece provável que a proposta do governo termine sendo salva na votação da própria CCJ, pois o Planalto detém a maioria nessa comissão. Mas a manifestação das corporações e oligarquias coloca a premente necessidade de redobrar a mobilização da opinião pública em favor de mudanças que pareciam ser óbvias e consensuais.

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