São Paulo, sexta-feira, 29 de setembro de 1995
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Primeiros passos

Sem traumas, mas sem grandes transformações, iniciou-se uma minirreforma dos fundos de investimento. O objetivo é fazer com que as aplicações de curtíssimo prazo sejam desestimuladas, enquanto se encorajam as de prazo mais longo. A lógica é perfeita. Mas na prática avança-se com excessiva timidez.
Mecanismos que viciam o mercado financeiro, como a garantia de recompra diária de títulos públicos pelo governo, estão fortes como nunca. Ademais, os pretendidos prazos "mais longos" não vão além dos 60 dias, intervalo que, em qualquer país de economia estável, é considerado curto. Aliás, também no Brasil, pois a rigor os recursos financeiros que há pouco buscavam o refúgio de fundos como os de "commodities", de liquidez diária, na prática ficavam aplicados por bem mais do que 60 dias.
Relativizando ainda mais o efeito das mudanças, os recursos que estavam até agora nos fundos de liquidez diária continuarão assim totalmente líquidos, mesmo quando integrados aos novos fundos.
A ousadia parece definitivamente descartada pelo governo. O setor privado, entretanto, tem uma vigorosa criatividade. É oportuna, por exemplo, a proposta apresentada por Manoel Pires da Costa, presidente da BM&F, de criação de "fundos verdes", voltados ao financiamento da agricultura e com liquidez diária após um período inicial de 30 dias, exatamente como os atuais fundos de "commodities".
Em vez de apoiar boas idéias como essa, o governo parece preferir o caminho das minirreformas, apesar do sufoco financeiro que atinge não apenas os setores produtivos, mas o próprio setor público.

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