São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Japoneses e australianos evitam ter controle

DA SUCURSAL DO RIO

A privatização da empresa Vale do Rio Doce coloca em campos opostos os japoneses e os australianos.
Por motivos diversos, cada um teme que o outro possa vir a fazer parte do futuro bloco controlador da estatal brasileira.
Os japoneses, que são os maiores compradores internacionais de minério de ferro, temem que as grandes empresas exportadoras australianas passem a participar do controle do capital da Vale do Rio Doce. Isso porque, dessa forma, elas virtualmente monopolizariam o comércio transoceânico do produto.
Fatia do mercado
A Vale do Rio Doce detém 24% do mercado, incluindo nesta conta as suas vendas em associação com outras empresas.
As grandes empresas australianas do setor são a Hamersley (com 14% do mercado); a BHP (participação de 12%); e a Robe River (com 6%).
A análise dos especialistas da própria Vale é que os japoneses só entrarão na disputa pela compra da empresa brasileira se os australianos se moverem.
Em relação aos australianos, eles analisam que, ao comprar a Vale, eles poderiam obter uma súbita alta dos preços do minério. Entretanto, não conseguiriam sustentar a alta de preços por muito tempo.
Contra-ataque
Os compradores de minério contra-atacariam estimulando o aumento da produção em outras fontes de fornecimento, como, por exemplo, países da África do Sul.
José Luciano Duarte Penido, que dirige uma empresa associada à BHP, disse que, embora não tendo procuração para falar em nome da empresa australiana, não acredita que ela nem qualquer outra produtora de minério queira ter o controle acionário da Vale do Rio Doce.
Segundo ele, nenhuma das empresas australianas tem porte para comprar a Vale. Além disso, por serem muito competitivas entre si, jamais se juntariam e fariam uma associação para comprar a estatal brasileira.
Por outro lado, mesmo que uma das grandes empresas conseguisse comprar sozinha a Vale, ela passaria a enfrentar a desconfiança do cliente japonês que, temendo ficar à mercê de um fornecedor tão grande, buscaria novas fontes de fornecimento.
Para o presidente da Samarco, a Vale deverá mesmo será comprada por fundos de pensão, tanto brasileiros quanto estrangeiros, bancos e até empresas de comércio internacional.

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