São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Ainda há dúvidas sobre o modelo de venda

DA SUCURSAL DO RIO

Para Lima Teixeira, o modelo de venda da Vale poderia incluir uma golden share (ação de ouro), que, nas mãos do governo brasileiro, lhe daria poder para tomar decisões sobre o futuro das reservas.
Essa saída teria a vantagem de não quebrar a tradição do mercado de dar a quem compra uma mineradora o direito de exploração dos minérios descobertos por tempo indeterminado.
O inconveniente é que a adoção da golden share pode reduzir o valor que o governo vai obter pela sua participação na Vale. "É possível que isso ocorra, mas é bom lembrar que nem sempre o melhor negócio é aquele que resulta em uma venda por maior quantidade de dinheiro", argumenta Teixeira.
Em bloco ou dividida
Outra controvérsia que precisa ser resolvida nos próximos meses pelos consultores que vão preparar a venda da Vale é definir se ela será vendida por inteiro ou dividida em áreas de negócios.
A própria empresa defende que ela seja mantida na sua integridade, uma tese já abraçada pelo ministro do Planejamento, José Serra, principal responsável pelo programa de privatização.
Os especialistas da Vale entendem que todos os negócios da empresa, que vão da produção de minério de ferro à fabricação de papel, estão interligados, sendo o setor de papel, por exemplo, uma saída para o reflorestamento das áreas onde as minas forem se exaurindo.
Lima Teixeira argumenta que a maioria das grandes mineradoras do mundo, como as australianas BHP e Robe River ou a gigantesca Anglo-American (maior mineradora do mundo), têm seus negócios diversificados.
Para José Penido, da Samarco, o caminho correto é a venda em separado, mantendo-se no mesmo bloco apenas os negócios afinados entre si, como mineração, ferrovia, porto e transporte marítimo.
A divisão, para ele, é inevitável após a privatização e garantiria ao governo a maximização dos valores em cada área de negócio.
Para o especialista José Mendo Mizael de Souza, secretário executivo do Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração), o fundamental é que a Vale seja mantida, após a privatização, com a confiabilidade que adquiriu no mercado.

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