São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Cuidado com as sociedades

MARCELO CHERTO

Há poucos dias, Renato Bernhoeft, maior especialista brasileiro em conflitos societários e sucessão nas empresas familiares, fez uma palestra para um grupo fechado de clientes da Cherto & Associados, num dos encontros que a empresa promove mensalmente.
Entre outras coisas, Bernhoeft aconselhou os franqueadores presentes a dar um mínimo de orientação aos respectivos franqueados, no que se refere à formação de sociedades e ao envolvimento de familiares na operação das franquias.
É oportuno resumir aqui suas principais dicas, que podem ser colocadas em prática por franqueadores e franqueados e, também, por qualquer pessoa que tenha (ou pretenda ter) sócios:
1) Nunca forme uma sociedade sem antes estabelecer como a mesma poderá ser desfeita sem que os sócios precisem brigar.
2) Estabeleça regras claras com relação ao envolvimento de familiares dos sócios com os negócios da empresa, seja no papel de funcionários, seja no de fornecedores.
De acordo com Bernhoeft, é melhor evitar envolvimentos dessa espécie. Diz o especialista que, em geral, família e empresa são coisas que tendem a não combinar.
3) Esqueça o papo de que os extremos se atraem. Sociedade requer cumplicidade. E cumplicidade exige identidade de princípios e de propósitos.
Sociedade entre pessoas com visões de mundo e filosofias de vida diferentes tende a acabar logo.
4) Pontos de divergência devem ser discutidos e esmiuçados ao máximo, não na tentativa de mudar quem quer que seja, mas para que os sócios se conheçam bem antes de assumir compromissos duradouros uns com os outros.
5) É importante preservar a individualidade dos sócios. Não tem futuro uma sociedade em que, por exemplo, um dos sócios tenha que se diminuir, ou se anular, só porque o outro tem ciúmes.
Como diz Bernhoeft, o prazer de pertencer a um grupo não deve exigir subserviência de qualquer de seus integrantes.
6) Separe bem o que é "pro labore" (remuneração pelo trabalho) do que é dividendo (remuneração do capital).
7) Cuidado com a interferência da família, amigos e outros periféricos (como os chama Bernhoeft) sobre os sócios.
Segundo o expert, sociedade nunca é fácil. Inclusive porque quem tem sócio, tem patrão. Assim, é melhor definir tudo antes, para não ter problemas depois.

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