São Paulo, segunda-feira, 1 de janeiro de 1996
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Debaixo do tapete

As carências do Brasil na área social vêm sendo enfrentadas pelo poder público, de maneira geral, com iniciativas emergenciais e pouco sistemáticas. Têm sido parcas as estratégias de mais longo prazo e caráter preventivo.
Não resta dúvida de que medidas como algumas amplas operações policiais visando a recolher meninos de rua infratores têm um efeito demonstração. Mas, na prática, elas conseguem no máximo coibir por curtas horas tanto a vadiagem quanto a consequente atração dos menores para a criminalidade.
É evidente que essas ações têm um alcance bastante limitado. Assim, iniciativas de reinserção produtiva do menor na sociedade por meio de parcerias entre a iniciativa privada e a sociedade civil parecem constituir hoje uma boa alternativa de investimento social.
Iniciativas voltadas à alimentação e ao ensino, como as das Fundações Abrinq e Bradesco e a do Banco de Boston em associação com o Sindicato dos Bancários de São Paulo, ou mesmo os já duradouros projetos do Senai, Sesi e Sesc, relacionados à educação e à profissionalização, podem ajudar a compensar a notória ineficácia dos poderes públicos no trato dos problemas da infância desfavorecida.
Estímulos a exemplos como esses podem criar condições preventivas para que a marginalidade não continue se apresentando a alguns como a única e lamentável possibilidade de sobrevivência. Do contrário, persistirão ações que se limitam a esconder, sob o tapete do cenário social, aquilo que fisicamente ou moralmente agride a cidadania.

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