São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Maluf quer abertura de inquérito contra CRM

DA REPORTAGEM LOCAL

O prefeito Paulo Maluf chegou ontem de viagem e acusou o CRM (Conselho Regional de Medicina) e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) de estarem intimidando médicos e trabalhando para o fracasso do PAS (Plano de Atendimento à Saúde).
O plano, que prevê que os hospitais municipais passem a ser administrados por cooperativas de médicos, começou a funcionar dia 1º na região de Pirituba-Perus (zona norte).
Maluf foi ontem ao Ministério Público Estadual pedir que sejam abertos inquéritos civis e criminais contra o CRM e o sindicato dos médicos. Segundo o prefeito, as duas entidades tentam barrar o PAS de forma ilegal.
No documento entregue pelo prefeito ao procurador-geral da Justiça, Emmanuel Burle Filho, a prefeitura acusa o CRM de ter apresentado uma solicitação de vistoria no hospital de Pirituba (que está funcionando de acordo com o PAS) datada para o dia 1º e fazer a vistoria no dia 31, um dia antes do acertado.
Ainda segundo a representação, a suposta vistoria teria como objetivo convocar os médicos que aderiram ao PAS para depor no CRM, sob suspeita de estarem infringindo o código de ética.
"Foi uma forma nazista de tentar pressionar os médicos a deixar o atendimento à população", disse Maluf.
Burle Filho disse que vai enviar a representação para as varas criminais e de defesa da cidadania do Ministério Público.
Disse também que as 13 mortes registradas no hospital de Pirituba desde a implantação do PAS serão investigadas independente da procuração entregue ontem. "Vamos indicar um promotor para acompanhar o inquérito policial que está instaurado para apurar as mortes."
O secretário-geral do CRM, Célio Levyman, rebateu as críticas de Maluf afirmando que o erro na data do aviso de vistoria é "um detalhe irrelevante".
"Essa carta é uma mera cortesia, uma vez que temos o direito por lei de entrar para vistoria em qualquer hospital a qualquer horário", disse Levyman.
O representante da entidade disse também que a convocação de médicos para depor na sede do CRM não é uma forma de intimidar os médicos.
Segundo ele, o código de ética médica impede que um médico assuma o posto de um colega que foi transferido de maneira arbitrária.
Por essa razão, segundo Levyman, apenas os médicos que aderiram à cooperativa foram chamados a depor.
"O CRM não tem como função defender os médicos, mas sim a população, e esse é o objetivo da nossa fiscalização", afirmou.

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