São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Prefeito afirma que conselho tem uma atitude "nazifascista"

FERNANDO RODRIGUES
DA REPORTAGEM LOCAL

Paulo Maluf (PPB), prefeito de São Paulo, acusa o Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Central Única dos Trabalhadores (CUT) de "eticamente responsáveis" pelas mortes ocorridas desde o dia primeiro deste mês no hospital de Pirituba.
"É uma atitude nazifacista por parte daqueles que desejam ver o PAS fracassar. É gente que sempre viveu às custas das fraudes das contas dos hospitais", disse Maluf em entrevista à Folha, às 17h40 de ontem, por telefone.
A seguir, os principais trechos de sua entrevista à Folha:
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Folha - Como o sr. explica as críticas ao PAS?
Paulo Maluf - O que acontece é uma atitude nazifacista por parte daqueles que desejam ver o PAS fracassar. É gente que sempre viveu às custas das fraudes das contas dos hospitais e nunca teve interesse em atender à população.
Folha - A quem o sr. se refere ao fazer tal acusação?
Maluf - À CUT e ao CRM.
Folha - O sr. então atribui ao CRM a responsabilidade pelas mortes ocorridas em Pirituba?
Maluf - Não quero atribuir nada a ninguém. Entrou uma pessoa baleada no hospital... Não se pode atribuir ao CRM e nem ao PAS a responsabilidade.
Folha - Mas então por que ocorreram tantas mortes nesses três dias naquele hospital?
Maluf - Temos suspeitas que alguns desses pacientes em estado terminal, com câncer, foram propositadamente mandados para o hospital de Pirituba. Um teria vindo de Santo Amaro, mas eu ainda não tenho isso confirmada.
Folha - O quadro do PAS estava completo no primeiro dia?
Maluf - O quadro estava completo. Mas alguns foram intimidados pelo CRM e não foram. E pode ser que um ou outro tenha faltado por ser feriado. O fato é que não podemos julgar o plano apenas com três dias de funcionamento, ainda por cima depois de um feriado. Para completar, com um patrulhamento fascista por parte da CUT e do CRM. Pode ser que o PAS não seja bom. Mas não me impeçam de trabalhar. Que ofereçam uma alternativa. Ao fazerem (o CRM) o que fizeram, eles desonram o juramento que fizeram ao se formarem médicos. E praticam omissão de socorro, que é um ato criminoso.
Folha - Ao dizer isso, o sr. não está, ainda que de forma indireta, responsabilizando o CRM pelas mortes de Pirituba?
Maluf - Eu diria que, eticamente, são responsáveis.
Folha - O que isso quer dizer? O CRM, na sua avaliação, é ou não o responsável pelas mortes no hospital de Pirituba?
Maluf - Não posso fazer acusação sem inquérito formal. O fato é que ele estão impedindo o hospital de funcionar. E só intimidam médicos que aderiram ao PAS.

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