São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
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Hollywood Rock reedita Glastonbury

ROGÉRIO SIMÕES
DA REDAÇÃO

O Hollywood Rock deste ano acabou se tornando uma pequena versão do mais tradicional festival de rock da Inglaterra, que teve em 95 sua 25ª edição consecutiva: Glastonbury.
O festival brasileiro traz nada menos que cinco atrações que se apresentaram nos palcos do Glastonbury entre os dias 23 e 25 de junho de 95: Jimmy Page e Robert Plant, The Cure, Supergrass, Black Crowes e Urge Overkill.
Nem todos esses nomes estão entre os melhores que estiveram no festival inglês, que teve ainda Oasis, Elastica, Offspring, PJ Harvey, Everything But the Girl, Portishead...
Mas a escolha mostra que o festival brasileiro mantém-se sintonizado com o que se vê hoje no cenário pop do Primeiro Mundo.
Glastonbury trouxe no ano passado mais de 40 atrações, que se apresentaram simultaneamente para cerca de 150 mil pessoas em dois grandes palcos ao ar livre e outras quatro arenas fechadas.
Supergrass tocou no final da tarde do primeiro dia, sexta-feira, como a grande novidade do pop inglês do ano.
Com músicas como "Alright" e "Lenny", foi responsável pelo pequeno público que restou para ver Soul Asylum, que se apresentava em outro palco.
Na mesma sexta, os americanos do Black Crowes deram sua contribuição à festa dos 25 anos do festival e comprovaram que fazem um dos melhores shows de rock da atualidade.
A banda reproduz ao vivo o que se via de melhor no rock dos anos 60 e 70, numa mistura de hard rock e blues, com longos solos de guitarra e piano e um final memorável com "Remedy".
A tarde do sábado viu o show do Urge Overkill, que, em meio às estrelas do pop inglês, se mostrou uma banda de quinta categoria.
Os músicos pareciam estar apenas aquecendo para apresentar a conhecida "Girl, You'll Be A Woman Soon", da trilha de "Pulp Fiction". No Brasil, a canção pode até agradar, mas em Glastonbury foi pouco para que o público aprovasse o show.
No domingo, foi a vez de Page e Plant, que deverão fazer um dos melhores shows do Hollywood Rock. A dupla, coração do Led Zeppelin, tocava pela primeira vez no Reino Unido desde o lançamento do álbum "No Quarter" e não decepcionou.
Não é o Led Zeppelin, mas é melhor que seja assim. Com uma orquestra e músicos do Egito, Page e Plant conseguiram rejuvenescer e se apresentar no mesmo nível de músicos da nova geração.
No Glastonbury, não faltaram grandes sucessos do Led Zeppelin.
"The Song Remains the Same" foi uma das surpresas. Mas o público inglês gostou mesmo da tão esperada -e impressionante- nova versão de "Kashmir".
Foi difícil também não se emocionar ao ouvir as cinco conhecidíssimas primeiras notas da guitarra de Page em "Since I've Been Loving You".
A última noite do Glastonbury-95 foi concluída com The Cure, um show que colaborou com o sono da já cansada platéia do festival.
Robert Smith continua genial com seus solos introspectivos, mas o repertório da banda priorizou músicas muito lentas, que não animaram muito os ingleses.
Faltaram também alguns sucessos, já que a banda só apresentou músicas gravadas a partir do álbum "Head on the Door" (87).
Se repetirem a dose no Hollywood Rock, podem também decepcionar os brasileiros.

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