São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996 |
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Sérvios querem processar bósnios detidos
VINICIUS TORRES FREIRE
Eles fazem parte de um grupo de 16 pessoas que está detido desde o final de dezembro. A informação de que alguns deles serão processados foi dada pelo prefeito de Ilidza, região sérvia de Sarajevo, Nedjelko Prstojevic, à agência de notícias "Reuter". O governo sérvio libertou ontem três bósnios que haviam sido presos quando estavam perdidos na zona sérvia da cidade. A iniciativa, no entanto, não fez com que a crise acabasse. O acordo de paz para a ex-Iugoslávia, negociado em Dayton (EUA), prevê a devolução ao governo bósnio do setor ocupado militarmente pelos sérvios. As tropas da Otan encarregadas de implantar o acordo, a Ifor (sigla em inglês para Força de Implementação), já haviam declarado livres as estradas que cortam o setor sérvio, mas a entrega dos bairros sérvios à administração bósnia deve demorar pelo menos três meses. O governo bósnio disse que "falta seriedade" às tropas da Ifor em Sarajevo e recomendou aos cidadãos bósnios que não entrem em território sérvio sem a companhia de militares. Os bósnios afirmam também que as prisões são "atos de terrorismo e que Sarajevo continua sitiada". "Se a Ifor não tomar uma atitude pode ficar tão desmoralizada quanto a ONU." A tropa da Ifor em Sarajevo, francesa, diz por sua vez que "não tem condições nem é sua função se tornar a polícia das ruas da cidade". "As estradas e ruas foram declaradas abertas e não há zonas proibidas. Fornecer comboios para a população atravessar o setor sérvio negaria o princípio da livre circulação", disse à Folha, por telefone, o porta-voz das tropas francesas da Ifor em Sarajevo, o capitão Frederic Solano. O secretário americano de Defesa, William Perry, em visita à Bósnia, também disse que a Ifor não é uma "força policial". Solano reconheceu, no entanto, que há dificuldades para implantar a livre circulação de fato e que a questão está sendo tratada "no nível apropriado". O capitão diz que o problema dos presos é dos governos civis. O governo sérvio se recusa a dizer quantos são os presos. Segundo a Ifor, eles seriam 16 -croatas, muçulmanos e inclusive sérvios que combatiam pelo lado bósnio. Segundo o jornal "Le Monde", o encarregado sérvio de relações com a Ifor, Dragan Dragic, afirma que os "muçulmanos (os bósnios) não têm nada que a fazer em Ilidza antes do mês de março". Texto Anterior: Israel e Síria retomam diálogo otimistas Próximo Texto: Explosão fere 2 britânicos Índice |
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