São Paulo, quinta-feira, 4 de janeiro de 1996
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

História e farsa

ANTONIO CARLOS DE FARIA

RIO DE JANEIRO - Governador e prefeito do Rio mereceram quase as mesmas notas da população, 5,2 e 5,1, segundo as últimas pesquisas do Datafolha. Os números revelam uma semelhança muito grande entre os dois, e isso não atende à pretensão de ambos de se firmarem como novas lideranças políticas.
Apesar dos constantes duelos verbais, o governador Marcello Alencar e o prefeito César Maia têm avaliações próximas nas outras respostas.
Os dois aparecem em penúltimo lugar no ranking dos Estados e municípios e são vistos como regulares por 43% e 44% dos pesquisados. São ruins/péssimos para 23% e 28% e ótimos/bons para 31% e 27%.
O prefeito dirige sua estratégia de comunicação para se diferenciar do governador, tentando se colocar como opção para as futuras eleições ao governo estadual. Até agora não teve sucesso.
Maia vive disparando críticas à política de segurança, que é uma atribuição de Alencar. Afirma que se estivesse no governo colocaria delegados da antiga linha dura no comando da polícia, atacando a política de renovação do governo atual.
Esse discurso não vem dando certo, assim como seu modo de administrar a cidade, conforme indica a pesquisa. Querendo a diferenciação, o prefeito acabou por repetir os passos da gestão de Alencar, que quando prefeito também se caracterizou por obras de remodelação urbana, pela tentativa de disciplinar os camelôs e por criticar o então governador.
O estilo deu certo para Alencar e este ganhou as eleições para o governo estadual porque fazia contraposição à imobilidade brizolista. Diante de Brizola, Alencar parecia ser dinâmico e ter as soluções para os problemas do Estado.
Passado o primeiro ano de sua administração como governador, Alencar apresenta números piores do que Brizola na área da segurança, e isso está servindo como escada para César Maia.
Governador e prefeito, egressos do brizolismo, ainda não conseguiram firmar uma marca própria e estão confirmando que a história se repete como farsa.

Texto Anterior: Espelho, espelho meu
Próximo Texto: Freud está morto?
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.