São Paulo, sexta-feira, 5 de janeiro de 1996 |
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A dieta dos lucros Todos os números do comércio relativos ao Natal ou ao ano de 95 parecem mostrar uma aparente contradição: o comércio vendeu mais fisicamente, mas faturou menos do que no ano anterior ou durante o Natal de 1994. Em outras palavras, o público pôde gastar menos e comprar mais ou, no mínimo, a mesma quantidade. Não há dúvida de que esse fenômeno é positivo para o consumidor e para a economia como um todo. Reflete o acirramento da concorrência, ingrediente indispensável para o capitalismo. No Brasil da superinflação, o conceito de concorrência ficou, de certa forma, embaralhado porque, não raro, as empresas auferiam mais lucro com ganhos financeiros do que com a operação do seu negócio propriamente dito. É evidente que há também um lado negativo no mesmo fenômeno: margens de lucro mais apertadas reduzem os recursos disponíveis para investimentos. Sem investimentos, não há renovação. E, sem renovação, as empresas tendem a perder competitividade. Não se trata, é óbvio, de defender taxas de lucros abusivas. Até porque margens reduzidas vieram para ficar. Trata-se de um fenômeno associado à globalização, que levou a competição ao apogeu. Além dos concorrentes internos, há que enfrentar os externos. A única saída é a busca de eficiência. Só ela permite manter preços atraentes para o consumidor e melhorar a margem de lucro, permitindo assim uma reserva de recursos para os investimentos. Quem não se adaptar a essa realidade inexorável talvez não esteja "vivo" no próximo Natal para festejar ou lamentar o nível de vendas. Texto Anterior: Geléia geral Próximo Texto: Reeleição popular Índice |
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