São Paulo, domingo, 7 de janeiro de 1996 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Poder do PS preocupa opositor
ESPECIAL PARA A FOLHA, DE LISBOA O ex-primeiro-ministro Aníbal Antônio Cavaco Silva, de 56 anos, entrou na corrida presidencial apenas depois de seu partido ter perdido as eleições legislativas.Falando de questões concretas para os portugueses, seu discurso é mais de um candidato a premiê do que à Presidência da República, um cargo que em Portugal tem pouco poder. Respondendo a perguntas enviadas por escrito, Cavaco Silva deu a seguinte entrevista à Folha. * Folha - O que a sua candidatura tem como meta para as relações entre Portugal e Brasil? Aníbal Antônio Cavaco Silva - O estabelecimento de uma parceria estratégica é, de certa forma, o reflexo de um mesmo espírito nacional, sobre o qual assenta a singular coesão das suas gentes e a sua invejada unidade territorial. Pretendo contribuir para que isso encontre uma tradução concreta na vida cotidiana dos dois países no domínio da cultura e também no campo comercial, tecnológico, dos investimentos. Na economia, as empresas portuguesas que são mais dinâmicas começam a aproveitar as oportunidades que no Brasil se abrem para o investimento estrangeiro, em resultado da corajosa política de estabilização financeira conduzida pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Folha - Segundo as pesquisas recentes de intenções de voto, neste momento o senhor encontra-se atrás do seu adversário, o socialista Jorge Sampaio, mesmo tendo maior notoriedade. Como avalia o resultado das pesquisas? Cavaco Silva - Parti para esta campanha com um atraso manifesto. Como primeiro-ministro, tinha um mandato a cumprir e meu principal adversário havia muitos meses preparava sua campanha. Mas, à medida que o tempo vai passando, as coisas vão se alterando. Em três dias de campanha eleitoral assistiu-se a uma movimentação que, no mínimo, espantou a candidatura adversária. Ao mesmo tempo, vai-se desgastando a imagem virtual construída em torno de meu adversário. Estou absolutamente confiante no resultado da última pesquisa, a grande pesquisa eleitoral, de 14 de janeiro, dia da eleição. Folha - O senhor só decidiu se candidatar depois das eleições parlamentares, em que seu partido perdeu. Sua candidatura não pode ser vista como uma revanche? Cavaco Silva - Penso que seu raciocínio estaria correto se eu tivesse me candidatado nas legislativas e, tendo perdido, procurasse a alternativa da Presidência. Minha candidatura não é motivada por razões partidárias. O resultado das legislativas pesou em minha decisão porque cresceu o risco de uma excessiva concentração de poderes, o que não promoveria a estabilidade. Uma larga parte da população não se veria representada nos órgãos de poder. Folha - O que o senhor pode oferecer aos portugueses que o seu adversário, Jorge Sampaio, não pode? Cavaco Silva - Posso oferecer experiência, conhecimento profundo dos complexos problemas do governo e uma vontade inabalável, determinada, de tudo fazer pela concretização do sonho de um Portugal respeitado, moderno, desenvolvido e solidário. São dez anos de obras feitas e não de simples palavras, de construção de uma democracia moderna, representativa e solidária, de afirmação da livre iniciativa e de fortalecimento da sociedade civil. Folha - Surgiu na imprensa portuguesa uma denúncia de que comissões da venda de aviões Airbus à TAP teriam ido para o financiamento de sua campanha. É verdade? Cavaco Silva - Todos os portugueses, mesmo os que nunca votaram em mim, sabem que sou um homem de princípios. Nunca ninguém se permitiu suspeitar de minha integridade e sinceridade. O fato é que há quem se sinta incomodado com minha candidatura e por isso se tenha prestado aos mais baixos golpes, incluindo o incidente a que se refere. Texto Anterior: Eleição portuguesa retoma duelo Próximo Texto: Favorito acha que 'tem perfil' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |