São Paulo, segunda-feira, 8 de janeiro de 1996
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Presos em Ribeirão Preto mantêm policial como refém

RITA MAGALHÃES
DA FOLHA RIBEIRÃO

Dois presos armados com sete revólveres e duas granadas mantinham até as 22h de ontem o investigador Luiz Carlos Molina na carceragem da Cadeia Pública de Vila Branca, em Ribeirão Preto (319 km a norte de SP). Molina estava rendido havia mais de 52 horas sem água e sem comida.
Os presidiários Anderson Tadeu Teixeira e André Ramos de Oliveira, armados com quatro pistolas automáticas, três revólveres 38 e duas granadas de alta potência, renderam Molina e o policial Aloísio Antonio Oliveira, por volta das 15h da última sexta-feira durante uma tentativa de fuga.
Oliveira foi libertado às 20h35 de anteontem depois que os presos concordaram em trocar um dos reféns pela liberação de uma camionete com o tanque cheio.
A proposta de troca foi feita pelo delegado Fábio Dalmas, comandante do GER (Grupo Especial de Regaste), de São Paulo.
O delegado regional, Luiz Carlos Pires, disse que era remota a possibilidade de os presos saírem da unidade com o refém.
A expectativa da polícia é de que a rebelião dure de três a cinco dias. Os policiais acreditam que após os primeiros três dias de rebelião, os presos vão começar a se sentir fracos, o que vai contribuir para a rendição.
No início da tentativa de fuga, um preso morreu e três foram baleados durante uma troca de tiros com a polícia.
Na tarde de ontem, o delegado geral da Polícia Civil do Estado, Antonio Carlos de Castro Machado, que chegou à unidade às 11h10, disse que esgotaria todas as chances de manter o policial e os presos vivos.
Segundo os policiais envolvidos na operação, a negociação com os presos "evoluía favoravelmente à sua rendição". A versão foi contestada pelos presos e pelo investigador Molina, que falaram com a imprensa por meio de um telefone celular do próprio investigador mantido como refém.
Os presos afirmaram estar "esgotados" com a conversação mantida com a polícia. Molina pediu a intervenção da imprensa junto à Secretaria de Segurança Pública para que os policiais cedessem às exigências dos detentos rebelados.
"Estou sem água, sem comida e sob ameaças de muitas armas. Já liberei até o uso da minha camionete. Eu não mereço isso", disse Molina por telefone.
O detento Oliveira disse que se os policiais não liberassem o veículo para a fuga todos os três morreriam na carceragem.
A polícia pretendia manter a negociação com os presos no sentido de eles se entregarem.

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